''Maria'', uma maravilhosa interpretação de Angelina Jolie em seu mais novo filme

A vida de Maria Callas foi uma ópera. Difícil e dura, luminosa e surpreendente, tudo ao mesmo tempo. Em seu filme "Maria", o diretor chileno Pablo Larrain cria, com o roteiro de Steven Knight, uma fantasia sobre a diva nos seus últimos dias, aos 53 anos (2 de dezembro de 1913 - 16 de setembro de 1977).
Na abertura, em preto e branco, a vemos cantar "Ave Maria" do "Otello" de Puccini. E já estamos fascinados com ela e sua voz potente e bela. Angelina Jolie a interpreta com paixão.

O apartamento da diva, Avenida George Mendel, é um palco luxuoso onde ela vive com seus dois guardiões, Bruna (Alba Rohrwacher) e Ferrucio (Pierfrancesco Favino).

Um piano é arrastado de cá para lá, numa dança insana, assim como na mente de Maria o passado faz reviravoltas. Ela vagueia pelo apartamento e já não sabe distinguir a realidade da alucinação.

Magérrima, entope-se de remédios para poder viver. Procura o que perdeu. O que tiraram dela. Vamos ver trechos e momentos da vida de Maria, ora em colorido, ora em preto e branco, numa grande entrevista onde conta sua versão da existência.

Angelina Jolie faz de sua Callas um alterego que nos comove, coadjuvada pelas árias que canta. Ouvimos "Traviata", o coro do "Va Pensiero" do "Nabuco", "Tosca" de Puccini, "Madame Buterfly", "Ana Bolena" , "O Mio Babino Caro" de Giani Schichi, e "Casta Diva" de Bellini, seu maior sucesso.

Dois poodles correm pelo apartamento mas não recebem um carinho da dona deles. É o lado frio dela. Procura mas repele ao mesmo tempo. Ela se volta inteiramente para seus próprios fantasmas. Procura a voz que está perdendo.

Veremos cenas que trazem alucinações misturadas com lembranças do passado. Olha para trás. Foi feliz?

Onassis (Haluck Bilginer), que a proibiu de cantar, a mãe que a obrigou a cantar e, agora que ela pode cantar. sua voz a atraiçoa.

Num restaurante onde é a última a sair, responde ao garçom que lhe oferece o que comer:

"- Não tenho fome. Venho ao restaurante para ser adorada."

Ela precisa ser admirada. O anos passaram e as plateias já não aplaudem.

Pobre Maria. Fragilíssima. Sucumbe só.

Nas cenas da vida real que passam na tela com os créditos finais, ela está bela e charmosa mas já aparece a carência que a acompanhou por toda a vida.

(O trailer está no meu blog: www.eleonorarosset.com.br)