Waldyr Prudente de Toledo, acompanhado do casal Robert e Blaine Trump | Imagem: Acervo Jockey Club de São Paulo
Presidente eleito dos EUA patrocinou ''Trump Cup'' em Cidade Jardim e na Gávea

Presidente eleito dos EUA patrocinou ''Trump Cup'' em Cidade Jardim e na Gávea

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de 78 anos, visitou o Brasil no final da década de 80 para prestigiar a "Trump Cup", torneio internacional de turfe do qual era o patrocinador e que visava a realização de provas intercalando anualmente os hipódromos de Cidade Jardim (SP) e da Gávea (RJ).

Aos 42 anos, já um empresário bem-sucedido do setor de cassinos e entretenimento, Trump esteve no hipódromo da Gávea num domingo, dia 9 de abril de 1989, onde chegou ao lado de Ivana, sua mulher na época. Ele foi homenageado com um almoço no Salão das Rosas, concedeu entrevista à imprensa e em especial ao jornal O Globo, que recentemente relembrou o fato, e, no fim do dia, entregou os troféus dos torneios aos vencedores, antes de voltar para os Estados Unidos em seu Boeing 727.

Aquela era a primeira visita do empresário em um país da América Latina. O americano nascido em Nova York passou apenas uma noite no Brasil. Ele chegou em São Paulo no sábado, dia 8 de abril, concedeu entrevista no hospital Sírio Libanês e participou de uma festa cujo objetivo era arrecadar fundos para a instituição. Na capital paulistana, o hoje líder do Partido Republicano também fez uma reunião com o empresário João Doria. No dia seguinte, voou para o Rio.

No Jockey Club, Trump disse que não estava no país a negócios, mas para visitar amigos, assistir às provas de turfe e celebrar o 12º aniversário de casamento com Ivana. Nas corridas, sua única torcida foi para o potro Fighting King, do Stud Trump, que tinha como um dos titulares Roberto Vianna Pinto, representante do Grupo Trump no Rio. Não deu outra: o potro venceu, e o empresário foi à pista.

Donald Trump ao lado de Ivana durante a Trump Cup no Rio - Foto: Antônio Nery/Agência O GLOBO

Aquela era a segunda edição da Trump Cup. No ano anterior, o torneio acontecera em em São Paulo, com a presença do irmão mais novo do clã, Robert Trump, que foi recebido pela diretoria do Jockey Club à época comandada pelo médico Waldyr Prudente de Toledo. Robert, que morreu em 2022, aos 71 anos, era muito próximo do irmão Donald e sempre o apoiou, tanto nos negócios quanto na política.

A vitória na edição de estreia coube ao cavalo Brown Tiger, de criação do Haras Inshalla e propriedade de Nathalie Aun Nahas, filha do investidor Naji Nahas. Tanto pai quanto filha participaram da entrega de taças nas tribunas sociais do Hipódromo Paulistano, ao lado da diretoria do Jockey e de Robert Trump.

Naji e Nathalie Nahas, Waldyr P. de Toledo, Blaine e Robert Trump - Acervo Jockey Club de São Paulo

Como o Congresso naquela época da Trump Cup já discutia a liberação de cassinos e do jogo no Brasil, cogitou-se que Trump tinha interesse na área, embora afirmasse o contrário nas entrevistas que deu em São Paulo e no Rio. O que aconteceu nos meses seguintes foram conversas para o grupo Trump entrar no setor de turismo, com a construção de um hotel na área do Forte de Copacabana. Mas os planos não foram adiantes.

Anos depois, já na década de 2000, o empresário voltou aos holofotes com a possibilidade de comprar e reformar o antigo Hotel Nacional, em São Conrado, no Rio. E abrir a Villa Trump em Itatiba, interior de São Paulo, com a construção de um condomínio de luxo e um campo de golfe. Projetos que também não tiveram sequência.