Por Matheus de Souza e Hyndara Freitas - São Paulo

A nova rodada da pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta-feira, deixou Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) atentos para como a questão do apagão da Enel pode se refletir nas urnas no dia 27. Nos bastidores, aliados de ambos os concorrentes comemoraram o levantamento: Boulos porque a diferença de 12 pontos percentuais da Quaest, menor do que mostrava o Datafolha, indica uma "candidatura competitiva"; do lado de Nunes, porque a distância ainda é considerada confortável.

A pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira mostra Ricardo Nunes (MDB) com 45% das intenções de voto e Guilherme Boulos (PSOL) com 33%.

Apesar de fazerem ponderações positivas sobre a pesquisa, as duas candidaturas têm pontos sensíveis, segundo avaliam os aliados. Nunes enfrenta a reedição de uma crise em pouco menos de um ano, o que pode fragmentar a sua vantagem. Boulos, por sua vez, tem uma distância longa para percorrer e apenas uma nova munição no gatilho.

Para a campanha de Nunes, o resultado é positivo porque ainda há uma diferença confortável de votos com psolista. Um fator considerado especialmente favorável para aliados é que o prefeito segue herdando a maior fatia dos votos que foram para Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno. Para o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), coordenador da campanha, a pesquisa é "excelente".

- Está batendo com nossas pesquisas internas. Mostra a força do Ricardo e da gestão competente - disse.

A avaliação é que a pausa nos compromissos de campanha nos últimos dias provocada pelo apagão que atingiu São Paulo, apesar de não planejada, também é uma oportunidade para o candidato aparecer "trabalhando como prefeito" e mostrar seu desempenho em uma situação de crise.

Outro ponto da Quaest ressaltado pelos aliados do emedebista é sua baixa rejeição ante Boulos. A pesquisa mostrou que 45% dizem ter "medo" de uma vitória do psolista, enquanto 32% declaram temor com a reeleição do atual prefeito. Outros 6% declaram ter medo igual das duas coisas, e 9% dizem não ter medo de nenhum resultado no segundo turno.

Do lado de Boulos, o que era visto como uma maratona, tendo em vista que o Datafolha de quinta-feira (10) mostrava uma distância 22 pontos entre os postulantes ao cargo, virou uma corrida de 100 metros, agora que a Quaest aponta distância de 12 pontos percentuais entre os adversários, ponderou um aliado do candidato.

Apesar das pesquisas não serem comparáveis, o novo cenário foi recebido com entusiasmo, já que demonstra uma candidatura mais competitiva.

- Temos grandes possibilidades de avançar - disse um aliado de primeira hora do psolista.

Em nota, o time de Boulos também destacou que seu esforço se concentrará nos indecisos, que segundo a pesquisa espontânea são 26%. "Esse percentual pode ser decisivo para construir a virada" disse a campanha em nota.

A campanha também pretende continuar explorando a questão do apagão da Enel, que deixou milhares de pessoas sem energia por dias na capital paulista, para criticar Nunes. Em agenda nesta quarta-feira, Boulos voltou a sinalizar que vai continuar acenando para o eleitorado como o "candidato da mudança".

O Globo
https://oglobo.globo.com/politica/eleicoes-2024/noticia/2024/10/16/apos-quaest-campanha-de-boulos-ve-candidatura-novamente-competitiva-e-aliados-de-nunes-comemoram-distancia-confortavel.ghtml