Notícia que circulou no início desta semana no jornal O Globo, revelou que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), apresentou ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) a recomendação para uma série de medidas preventivas, incluindo o acionamento de usinas térmicas, cujo custo de geração é reconhecidamente maior do que o das energias hidrelétrica, eólica e fotovoltáica.
Em seu alerta, o ONS recomendou a antecipação do uso da UTE Termopernambuco, uma usina termoelétrica construída entre 2001 e 2004. Chuvas abaixo da média na região Norte motivaram a recomendação do órgão técnico. "Com as chuvas abaixo do esperado, há uma menor disponibilidade de recursos hidráulicos, especialmente na região Norte do país", diz nota divulgada pelo ONS.
Segundo o órgão, as medidas recomendadas ao CMSE incluem reduzir a geração de eletricidade das hidrelétricas da Região Norte com o objetivo de economizar água nos reservatórios e, assim, atender "à ponta de carga nos meses de outubro e novembro"; e adiar, quando possível, a manutenção de quaisquer usinas, para manter a produção no máximo.
O comunicado foi divulgado após reportagem do jornal Valor revelar que ofícios trocados entre o ONS, o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) traziam a preocupação com o fornecimento de eletricidade nos momentos de pico da demanda.
A UTE Termopernambuco, do grupo Neoenergia, entraria em funcionamento no próximo mês de outubro, já que a sugestão do ONS abrange a antecipação de sua entrada em operação antes de 2026, conforme estava inicialmente acordado em leilão de reserva de capacidade realizado em 2021, segundo o Valor.
Enquanto temas fundamentais para o desenvolvimento sustentável com energias renováveis estão sendo postergados pelas autoridades, chamados emergenciais como esse do acionamento da termoeletrica surgem como forma de "solucionar" a questão a curto prazo.
Geração distribuída, sistemas de armazenamento de energia por baterias, inversão de fluxo, estão entre os assuntos que carecem de regulação e participação nos leilões de reserva de capacidade por potência - a data inicial de 30 de agosto já está aí e nada foi anunciado, nem para agora, nem para o final do ano, em relação ao próximo leilão.
Precisar recorrer a fontes de energia oriundas de combustíveis fósseis, quando já há alternativas sustentáveis disponíveis, significa atrasar o desenvolvimento do uso de energias renováveis no país, sobretudo o que se poderia usar das bases eólica, fotovoltáica e das próprias hidrelétricas em conjunto com sistemas de armazenamento de energia.