Bill de Blasio, exprefeito de Nova York | Imagem: zz/NDZ/STAR MAX/IPx/AP
O Estado de S. Paulo: 'Voto é emocional e as pesquisas são racionais'

O Estado de S. Paulo: 'Voto é emocional e as pesquisas são racionais'

Bill de Blasio foi prefeito de Nova York entre 2014 e 2021 e pré-candidato do Partido Democrata à presidência em 2019


O Estado de S. Paulo | 30 Jun 2024 | RODRIGO TURRER

Houve um tempo em que Bill de Blasio, exprefeito de Nova York, era a grande esperança da ala progressista do Partido Democrata. Mas, em 11 anos, tudo mudou. Bill de Blasio não resistiu ao radicalismo 'woke' que tomou conta dos progressistas. Sua pré-candidatura à presidência, em 2019, naufragou. Agora, ele se juntou à campanha do presidente Joe Biden na uma disputa com Donald Trump que, para de Blasio, o aborto será uma das questões principais. Em São Paulo para um evento do Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), na semana passada, ele concedeu entrevista exclusiva ao Estadão.

O sr. disse que a questão do aborto nos EUA vai ser decisiva na eleição. Por que?

Quer eu goste ou não, esta não é uma eleição nacional. Se fosse com voto popular, poderíamos encerrar a campanha agora, porque venceríamos. Mas, nos EUA, temos uma série de eleições estaduais. O que realmente está em disputa são os Estados de Pensilvânia, Wisconsin, Michigan e, com esperança, Geórgia, Arizona e Nevada. Esses são os Estados para se focar. Mas estamos falando apenas sobre um punhado de eleitores dentro desses Estados. O forte voto antiaborto está concentrado em muitos dos outros Estados que Trump vai ganhar de qualquer maneira.

Por que é importante nesses Estados?

Neles, o voto de mulheres suburbanas da classe média terão um peso fundamental. Não apenas eleitoras registradas como democratas, mas cada vez mais eleitoras independentes e republicanas. Para elas, foi um choque ter um direito retirado após a Suprema Corte reverter o caso Roe versus Wade. E elas veem isso em termos muito pessoais, porque muitas das novas leis (aprovadas em seguida) são draconianas. Em alguns lugares, não há exceção nem para estupro. Isso está sendo subestimado.

O sr. acredita que esse voto não está aparecendo nas pesquisas que dão vantagem a Trump?

Não está. O voto é emocional, e pesquisas são racionais. Há tantas questões interessantes sobre pesquisas. A realidade dos celulares, por exemplo, mudou a maneira como fazemos pesquisas. É muito mais difícil alcançar as pessoas no celular. Em segundo lugar, há um grande viés no processo: muitas pessoas dizem aos pesquisadores o que percebem que eles querem ouvir. Essa foi certamente parte da história de 2016: muitos disseram que votariam em Hillary (Clinton) quando na verdade votaram em Trump.


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