Depois dos populares, chineses investem em veículos com requintes dos modelos europeus

Já foi o tempo em que carro chinês era associado a modelos baratos, os famosos "xing lings" que o mercado intitulava "de entrada", muitas vezes desprovidos até de ar condicionado ou direção hidráulica. Essa percepção tem mudado ao longo dos últimos, com o lançamento de veículos que arrancam elogios até dos especialistas mais exigentes.

Em recente entrevista, um alto dirigente da BYD resumiu a questão. "Não é que a China sempre produziu carros mais simples e só agora passou a apostar em modelos luxuosos. É que vocês (brasileiros) chegaram lá e importaram esses modelos; nós sempre fabricamos carros para todos os segmentos".

Talvez o melhor exemplo dessa tendência e das palavras do executivo seja o carro produzido pela Hongqi (que significa "bandeira vermelha" em mandarim), fabricante estatal chinesa e responsável pelo pelo carro que leva o nome da própria montadora.

Lançado em 2020, o Hongqi H9 é um sedã foi colocado no mercado com a tarefa, nada fácil para os executivos de marketing, de competir diretamente com o Mercedes-Maybach, Audi A8 e BMW Série 7.

O modelo traz alguns elementos de design na dianteira dos Rolls Royce, e, na traseira, do Maybach. Com 5.200 mm de comprimento e uma distância entre eixos de 3.000 mm, destaca-se a grade frontal cromada de grande dimensão, associada com grupo óptico LED.

O interior do Hongqi é decorado com madeira, couro e cromo, que agrada aos gostos mais exigentes inclusive do presidente chinês, que dirige um modelo de vez em quando. Além de ter Xi Jiping como "garoto propaganda", o H9 foi dado como presente aos 52 medalhistas de ouro chineses na última Olimpíada, realizada em Tóquio, em 2021. Medalhistas de prata e bronze não foram esquecidos, já que passaram a usar veículos da fábrica para seus deslocamentos nos treinos.



Na versão topo de linha chamada 3.0T Flagship, o modelo conta com apenas dois bancos traseiros para maior conforto dos passageiros (Hongqi/Divulgação)

O Hongqi H9 está disponível na China em cinco versões, começando na chamada 2.0 Standard, a recebida pelos atletas, e indo até a 3.0T Flagship, top de linha. Em relação a motorização, a empresa disponibiliza três opções: 2.0 turbo de 255 cv, 2.0 turbo de 265 cv, e V6 3.0 de 272 cv. O câmbio é sempre de dupla embreagem com sete marchas.

É uma máquina potente, para um veículo de 5,14 metros de comprimento, 1,90 metros de largura e 1,49 metros de altura, mas sua aceleração de 0 a 100 km em oito segundos mostra que seu forte é o conforto, não a esportividade.

O preço do modelo começa na casa dos R$ 250.000 e pode chegar até quase R$ 430.000, antes dos impostos de cada país importador.

Sem deixar nenhum nó desatado no vasto mercado automobilístico mundial, a Hongqi desenvolve há três anos um novo modelo, o S9, superesportivo para não fazer desfeita diante das potentes Ferraris, Lamborghinis e Porsches. O carro é um V8 biturbo híbrido que, com a ajuda de um motor elétrico, alcançará os 1.400 cavalos de força e fará de 0 a 100 km em apenas 1,9 segundos.