Em MS, Lula elogia irmãos Batista, da JBS, e ganha aceno de bolsonarista

Lucas Borges Teixeira e Tiago Minervino

O presidente Lula (PT) elogiou os irmãos Batista, da família fundadora e controladora da JBS, no Mato Grosso do Sul e ganhou elogios do governador Eduardo Riedel (PSDB), apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).


O que aconteceu


"Cumprimento nosso querido José [Batista]. Eu fico sempre muito orgulhoso quando alguém consegue crescer na vida", disse Lula. "Quero cumprimentar o Joesley, Weslley aqui, responsáveis por transformar a empresa na maior produtora de proteína animal do mundo. E eu sinto muito orgulho."

Do palanque, a família batista recebeu o aceno do presidente. Estavam presentes o empresário José Batista Sobrinho, fundador da JBS, e seus filhos Joesley e Weslley Batista. A empresa, hoje maior produtora de carne do mundo, teve crescimento expressivo durante o primeiro mandato de Lula.

Lula foi a Campo Grande para acompanhar o envio de uma leva de carne para a China de uma fábrica da JBS. O embaixador do país no Brasil, Zhu Qingqiao, também acompanhou o evento, que faz parte de uma estratégia para melhorar a imagem junto ao agronegócio e "entrar" em território bolsonarista.

Em 2017, a empresa foi investigada por corrupção durante a Operação Lava Jato. Joesley, ex-presidente da companhia, chegou a ser preso em 2018 e acusou fazer pagamentos milionários "em favor" dos governos Lula e Dilma Rousseff. O petista não fez menção as denúncias de irregularidades que envolveram a JBS na operação.

Lula voltou a chamar a Lava Jato de "maior mentira da história" do Brasil ao citar sua prisão, em 2018. Com todas as condenações suspensas, o presidente não perde a chance de criticar a operação, com julgamentos do senador Sérgio Moro (União-PR) considerados suspeitos pelo STF.

Aceno de bolsonarista


Lula foi elogiado pelo governador Eduardo Riedel (PSDB), apoiador antigo de Bolsonaro. Antes do presidente, o tucano disse que é uma "honra" receber o petista. "É sempre muito bem-vindo no nosso estado", disse.

Ele [Lula] nos chamou e falou: 'Cada governador do país pode escolher o que é prioritário para o seu estado, que nós vamos ajudar a construir. Saímos de uma eleição polarizada, precisamos virar essa página do Brasil e olhar para a frente'. Nós apresentamos sete projetos, ele acatou os sete, e só no ano passado veio mais de R$ 1 bilhão para o nosso estado para ajudar na infraestrutura.
Eduardo Riedel, em aceno a Lula

Riedel ressaltou a capacidade de Lula de governar com as diferenças. O governador afirmou que o petista não colocou divergências políticas acima dos interesses do estado.

"O presidente sempre foi um homem que respeita as diferenças, que em momento algum colocou oposição política acima da relação federativa da União com o Mato Grosso do Sul, e aqui no nosso estado não haverá nunca qualquer tipo de discussão que ponha a democracia em segundo plano", disse.

Fora Brasília, esta é a primeira visita oficial de Lula ao Centro-Oeste neste mandato. Ele não visitou a região durante a campanha - de novo, excluindo a capital federal -, nem fez eventos em nenhum dos três estados no ano passado.

Coração bolsonarista, os três estados já eram dados como perdidos durante a campanha. Ainda havia uma preocupação com a segurança do então candidato. A previsão se confirmou: Lula perdeu em todos eles, incluindo o Distrito Federal. No Mato Grosso do Sul, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria sido eleito já no primeiro turno, com 52% dos votos.

Reaproximação com o agro


Lula tem tentado se reaproximar do agronegócio desde que voltou ao governo. O setor foi um dos que mais cresceram e com quem tinha das melhores relações durante o primeiro mandato. Rachados após o crescimento do bolsonarismo, ele tenta retomar esse prestígio.

A abertura de novos mercados de exportação tem sido um dos principais trunfos do presidente, que busca retomar a popularidade junto ao agronegócio. Até março, o setor chegou a 105 novos mercados, em 50 países, segundo o Ministério da Agricultura.

No ano passado, lançou o maior Plano Safra da história, com liberação de até R$ 430 bilhões para 2023/2024. Ele também tem alçado o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, principal responsável por esta ponte, a um dos queridinhos do governo.

Outro mote tem sido retomar a agenda ao setor. No fim de março, recebeu 60 produtores da área de fruticultura na Granja do Torto para um churrasco. Segundo Fávaro, estes encontros deverão se tornar frequentes, com diferentes segmentos do agro.

Uol