Imagem: juventus.com.br
Em dia de jogo do Juventus, a Mooca se veste de bordô e branco

Em dia de jogo do Juventus, a Mooca se veste de bordô e branco

Cyro Fiuza

Poucas equipes de futebol mobilizam tanto uma torcida e mesmo um bairro como o Juventus da rua Javari. Todo início de ano, moradores da Mooca e também simpatizantes vindos de outras paragens sabem que têm um compromisso marcado com a estreia do Moleque Travesso na Copa São Paulo de Futebol Júnior.




À diferença de grandes times, como Palmeiras, Corinthians e São Paulo, sempre candidatos ao título com seus times que revelam muitos craques, o Juventus cumpre um início de campeonato sem tantas pretensões. Uma vitória como a de 1x0 diante do Atlético Monte Azul, na última sexta-feira, dia 5, deixou todos satisfeitos. O gol foi marcado pelo jovem Thiago, de 17 anos, um meia-atacante de qualidade que ainda será falado pela imprensa esportiva...



"O Juventus é isso", resume um torcedor após o término da partida. Ele e as mais de mil pessoas que foram ao estádio Conde Rodolpho Crespi sabem que a equipe não irá muito além disso. Mas ficam sempre satisfeitos com um início alvissareiro para a equipe que reúne os meninos da rua Javari; talvez futuros titulares do time principal, que este ano disputará a série A2 do Campeonato Paulista.

Mas o torcedor juventino é diferente do são-paulino, corintiano, palmeirense ou santista?. Em um ponto sim. Ele curte o seu bairro como nenhum outro, tem muito contato com os vizinhos, é sócio do clube Juventus, privilegia o comércio local e frequenta com orgulho os pontos que oferecem a boa gastronomia na região.



Desde o cannoli que é vendido (e só lá) no intervalo do jogo, passando pela Juventus Esfihas, na esquina da rua Javari, quase ao lado de outro ícone do bairro: a pizzaria São Pedro. Aliás, a região ganhou um novo reforço nessa seara, que é a Trattoria do Sargento, em unidade instalada dentro do clube social do Juventus, distante alguns quarteirões do estádio.

Para quem se decepcionar com a dificuldade de encontrar o cannoli - e isso foi questionado por mais de um leitor - uma opção para comprar a iguaria é a tradicional padaria Monte Líbano, que fica no número 1283 da avenida Paes de Barros, a principal do bairro.



O nome do estádio do clube Atlético Juventus, Conde Rodolpho Crespi, remete ao industrial dono do cotonifício Crespi e fundador do clube, em 1924 (comemora seu centenário este ano). Ao incentivar a prática do futebol profissional, o conde apenas estendeu sua participação na promoção do esporte, do lazer e do entretenimento no bairro. Afinal, ele já era um dos grandes criadores e proprietários de cavalos puro-sangue inglês de corridas. E o hipódromo da Mooca estava bem ali, próximo ao novo estádio.

Até hoje, é possível encontrar um brasão em referência a um dos cavalos do conde Crespi numa das antigas entradas do cotonifício, na mesma rua Javari. Trata-se de Mehemet Ali, ganhador do primeiro Grande Prêmio São Paulo (1923) e bicampeão da prova em 1925, quando protagonizou o único empate (com Aprompto) na história da agora centenária competição.

Hoje, é fácil chegar aos jogos da rua Javari de carro, ônibus ou metrô, já que a estação Bresser-Mooca fica a menos de dois quilômetros, separada apenas pela travessia da Radial Leste. Ao descer do metrô, o visitante percorre toda extensão da rua do Hipódromo, sem, no entanto, ver alguma referência ao antigo prado que funcionou até 1940, quando foi transferido para Cidade Jardim, na zona sul.


Hipódromo da Mooca

É uma confusão que quase todo mundo faz. Tudo porque o hipódromo nunca ficou na rua que leva o seu nome. Eu mesmo procurei "evidências" por alí, até ser informado que o prado ocupava na verdade um grande trecho da rua Bresser, com uma extensão de cocheiras localizada na rua Itajaí. Resquícios dessa época ainda podem ser encontrados, uma vez que as cocheiras não foram totalmente demolidas - servem hoje de apoio operacional para uma secretaria da Prefeitura.

Com tanta história para ser relembrada pelos moquenses e apresentada aos visitantes de outros bairros, a mesma Prefeitura, através de sua sub-administração do bairro, ou então da secretaria municipal de Turismo, poderia providenciar placas indicativas que levassem as pessoas ao ativo estádio da rua Javari e a essas reminiscências do antigo hipódromo, que sempre levantam a curiosidade das pessoas com relação à rica história da Mooca - o bairro mais italiano da cidade de São Paulo.