Maestro", Idem, Estados Unidos, 2023 Direção: Bradley Cooper, Netflix |
''Maestro'', um dos candidatos ao Oscar 2024, por Eleonora Rosset

''Maestro'', um dos candidatos ao Oscar 2024, por Eleonora Rosset

Na tela, uma silhueta de um homem ao piano. De repente ele volta-se para a luz e um choque nos atinge. Sabemos que é um ator (Bradley Cooper) que interpreta o famoso maestro, Leonard Bernstein (1918-1990), e é ele que vemos numa ilusão perfeita:

"-Sinto tanto a falta dela,,," diz num sussurro.

O rosto, a postura, o cabelo, tudo ali é o maestro.

Que belo trabalho de Kazu Hiro, que maquiou e não hesitou em colocar uma prótese no nariz do ator. O maestro não se envergonhava do nariz nem muito menos de ser judeu.

Mas são poucos os minutos que perdemos avaliando o trabalho estético porque o filme nos envolve com tanta força que não pensamos em mais nada, a não ser se encantar com as cenas em preto e branco, ônix e prata luxuosos.

Vamos ver o encontro de duas pessoas entusiasmadas com a vida, que se casam quatro anos depois, numa ligação que durou mais de 30 anos.

E foi uma casualidade que inaugurou a carreira de Bernstein como maestro. Bruno Walter era quem estaria à frente da orquestra Filarmonica de NovaYork no Carnegie Hall naquela noite. Mas quis o destino que o maestro adoecesse e fosse substituido por Bernstein, que recebeu a notícia eufórico, pulando da cama onde dormia um outro rapaz.

Sucesso absoluto. O maestro substituto conquista a plateia com seu jeito de se entregar à música e conseguir perfeição dos músicos. E ele tinha só vinte e poucos anos.

A música era seu grande amor. Mas amava também as pessoas e odiava a solidão. Narcisista agradável conquistava quem ele queria. E subiu na carreira graças a seu óbvio talento, aliado à maneira amorosa com que tratava as pessoas.

Carey Mulligan, a Felicia Montealegre, companheira de Bernstein, brilha nos momentos felizes e talvez, mais ainda nos de solidão, quando percebe que o marido é atraido pelo mundo dos rapazes bonitos e a amava nos espaços livres, quando convivia com ela e os três filhos, na casa de South Hampton.

O apartamento em Nova York era ponto de encontro social, muita bebida e cocaina. Uma mistura de músicos, intelectuais e "high society".

Bradley Cooper entregou-se à vida do maestro, fez pesquisa e aprendeu regência por seis anos. Já imaginava o filme sobre aquele a quem tanto admirava.

Bradley Cooper contou com Steven Spielberg e Martin Scorsese na produção do filme, o que é uma homenagem ao diretor e ator de "Maestro".

O roteiro fala mais do homem do que do músico. E a música é utilizada para evocar momentos da vida.

Causa arrepios escutar o "Adagieto" da 5ª de Mahler quando o maestro está com o filho bebê no colo, enternecido. E um momento grandioso é aquele da Sinfonia de Mahler "Ressurection", regida ao vivo por Bradley Cooper, na catedral Ely de Londres.

Bernstein foi professor, apresentava um programa deTV que explicava a música clássica aos jovens e fez trabalhos para musicais da Broadway, como "West Side History"' e "Candide " com letra do ainda jovem Stephen Sondheim. Viajou pelo mundo e foi aplaudido por multidões.

"Maestro" é um filme apaixonado pela história que conta. Seus atores se mostram em seu melhor. É um filme para se ver na tela grande do cinema mas também resiste à da NETFLIX.

"Maestro" brilha e emociona. Vai fazer bonito no Oscar.

( O trailer está no meu blog www.eleonorarosset.com.br )