Cidade colombiana de Barranquilla está sob risco após deixar de pagar cerca de R$ 45 milhões antecipados pelos Jogos; capital paulista entra no jogo político para receber a competição
A cidade de São Paulo está oficialmente na disputa, já há alguns dias, para receber os Jogos Pan-Americanos de 2031. É que o prefeito Ricardo Nunes formalizou uma carta de intenção na qual se coloca à disposição da Panam Sports - organizadora da competição - para receber o Pan do início da próxima década.
Patrocinadora da Casa Brasil tanto em Santiago quanto em Paris, sede dos Jogos Olímpicos de 2024, a capital paulista aproveitou o evento de abertura do local organizado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) para anunciar o "desejo" - palavra usada pelos secretários presentes na festa - de ser novamente a capital esportiva das Américas daqui a oito anos.
"Vai depender de muita coisa ainda, mas do que for possível, do que depender de São Paulo, nós estamos "listos", como dizem em espanhol - afirmou a secretária municipal de Relações Internacionais, Marta Suplicy, ao portal GE, na última quinta-feira, no Espaço Cidade de São Paulo, localizado na Casa Brasil, em Santiago.
Inauguração da Casa Brasil em Santiago - Foto: Gaspar Nóbrega/COB
São Paulo entrou na disputa, mas já acompanha de perto a movimentação da Panam Sports nas negociações com a cidade colombiana de Barranquilla. Município escolhido para ser sede dos Jogos em 2027, Barranquilla ainda não pagou duas parcelas de US$ 4 milhões (aproximadamente R$ 45 milhões) como garantia aos organizadores. A disputa é interna, entre o governo federal da Colômbia e a cidade. No próximo dia 29 de outubro, há eleições municipais, e o favorito a vencer em Barranquilla é Alejandro Char, da oposição ao presidente Gustavo Petro.
O GE apurou que essa disputa pode comprometer os planos de Barranquilla 2027, que ainda não foi anunciada oficialmente como sede dos próximos Jogos. Dezembro é a data limite para a definição, mas o período do Pan de Santiago, que acaba em 5 de novembro, é fundamental para amarrar a negociação. Ciente disso, São Paulo, já se coloca como possível substituta, mesmo sabendo que outras cidades que organizaram um Pan também entraram na fila de espera.
Nos bastidores, a boa relação entre o governo paulistano com o governo do presidente Lula é tida como um trunfo brasileiro, mesmo sem o envolvimento formal do COB. Além de Marta Suplicy, estavam presentes no evento de abertura da Casa Brasil em Santiago o secretário de Esportes e Lazer da capital paulista, Cacá Vianna, e o ministro do Esporte, André Fufuca. Por outro lado, São Paulo também passará por eleições municipais em 2024, e o quadro de alianças ainda é indefinido.
Questionada pelo GE sobre a possibilidade da capital paulista receber o Pan de 2027, a secretária municipal de Relações Internacionais se mostrou surpresa, mas também otimista.
- Uau. Essa é minha resposta. Certamente nós avaliaremos. São Paulo é muito organizada, tem uma infraestrutura extraordinária, então se a gente tiver essa possibilidade, estamos lá. A gente se esforça, é importante. Nós estamos cumprindo o cronograma, estamos dispostos a antecipar se for necessário. Não, não é uma candidatura oficial. É um desejo, nós gostaríamos, mas não é oficial - concluiu Marta Suplicy.
