Imagem: Instagram @gisele
Escândalo com criptomoedas: depois de Kim Kardashian, agora é a vez de Gisele Bundchen

Escândalo com criptomoedas: depois de Kim Kardashian, agora é a vez de Gisele Bundchen

Um ex-casal muito conhecido por todos - a modelo brasileira Gisele Bündchen e o jogador de futebol americano Tom Brady - é o mais novo alvo em um novo escândalo internacional de malversação de criptomoedas. Os dois aparecem juntos em um processo de um investidor contra a corretora de criptoativos FTX, que entrou em recuperação judicial na semana passada, deixando mais de 1 milhão de clientes e credores - inclusive no Brasil - na espera para recuperar seu dinheiro.

No mesmo processo, também foram arrolados o ex-jogador de basquete Shaquille O'Neal, hoje comentarista esportivo, mais a corretora FTX e seu ex-CEO, Sam Bankman-Fried. Na ação, o investidor lesado alega que a FTX se utilizou de celebridades como Bündchen, Brady, além do jogador de basquete Stephen Curry, do Golden State Warriors, para atrair potenciais compradores para uma corretora que espalhou prejuízos a milhares de clientes.

Segundo o jornal Valor, o investidor cita no processo uma publicidade em que Tom Brady e Gisele Bündchen incentivam seus seguidores a investir em criptoativos por meio da corretora. No vídeo, diziam "FTX: Você está dentro?".

A queixa foi apresentada no tribunal federal de Miami por Edwin Garrison, um investidor individual morador de Oklahoma, que pede para representar milhares de consumidores lesados pela FTX e pelas celebridades contratadas para promovê-la, informou a agência Bloomberg. Segundo Garrison, o prejuízo coletivo desses investidores alcança a casa dos US$ 11 bilhões.

O episódio remete a outro recente, envolvendo a influenciadora digital Kim Kardashian. E se o caminho adotado pelas autoridades seguir o script, a multa para Gisele Bundchen, Tom Brady e Shaquilla O'Neal pode sair igualmente salgada.



Kim Kardashian - Instagram @kimkardashian

Kardashian aceitou pagar US$ 1,26 milhão (cerca de R$ 6,6 milhões) à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) para celebrar um acordo em ação civil após a estrela de reality shows divulgar um criptoativo até então desconhecido, o EthereumMax, na sua conta do Instagram. O caso foi divulgado na imprensa norte-americana no início de outubro.

A SEC denunciou Kardashian por não revelar que recebeu US$ 250 mil (cerca de R$ 1,3 milhão) para publicar um post no Instagram. Além de pagar a multa, ela concordou em cooperar com a investigação da SEC. Em sua análise, a comissão chegou à conclusão que Kardashian violou uma disposição das leis federais de valores mobiliários que regula as promoções pagas de ofertas de títulos. Orientada pelos seus advogados, a atriz concordou com a resolução, sem admitir ou negar as acusações.

"Quando celebridades ou influenciadores endossam oportunidades de investimento, incluindo títulos de criptoativos, isso não quer dizer que esses produtos sejam adequados para todos os investidores", disse Gary Gensler, presidente da SEC. "Recomendamos que os investidores considerem os possíveis riscos e oportunidades de um investimento avaliando suas próprias metas financeiras".

Em reportagem publicada no início de outubro, o jornal New York Post alertou que o caso de Kim Kardashian poderia ser "a ponta de um iceberg" envolvendo as ações de celebridades em promoções ilegais com criptomoedas. A lista, que então já mencionava Tom Brady, incluía também o ator Matt Damon e o ator e comediante Larry David, que apareceu em anúncios durante os jogos do Super Bowl. E não para por aí: o ex-boxeador Mike Tyson e a atriz Reese Witherspoon, que participou da divulgação de NFTs, também estariam na mira da SEC.

Juristas ouvidos pelo jornal afirmaram que essas personalidades deveriam se preocupar depois que Kim Kardashian foi penalizada. Um sinal de que a classe artística e esportiva já ligou o alerta para esse tipo de promoção foi a recente presença da atriz Charlize Theron em uma conferência da Circle's, em São Francisco.


Charlize Theron

A casa de criptmoedas a convidou para um bate-papo diante de centenas de fãs das criptos, mas Theron e o CEO da companhia, Dante Disparte, apenas conversaram sobre a carreira dela no cinema e as ações sociais que faz no continente africano. O que se imagina é que Theron pode ter sido orientada pelos seus advogados a fugir do tema espinhoso das moedas digitais, como forma de evitar dores de cabeça no futuro.

Para outro jurista ouvido na reportagem do New York Post, somente pegar uma celebridade e apontar sua falha, como fez a SEC, não significa nem tampouco garante que o órgão esteja promovendo um robusto programa de prevenção e punição para casos desse tipo. Somente uma multa, no caso de acordos com celebridades milionárias, pode resultar em saída fácil e que provavelmente não inibirá novas iniciativas de outros artistas ou desportistas.