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Cinemateca Brasileira reabre ao público após um ano e meio fechada

Cinemateca Brasileira reabre ao público após um ano e meio fechada

Depois de um ano e meio fechada, atravessando grave crise administrativa e passando por um alagamento e um incêndio, a Cinemateca Brasileira acaba de reabrir sua sede para o público. Com tantos problemas enfrentados nesse período, não haveria título nem data melhor (sexta-feira, 13) para a reestreia dos trabalhos: "A Praga", um filme inédito de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, cultuado como o mestre do terror do cinema brasileiro, foi o escolhido pela direção da entidade para marcar a retomada da instituição.

"A Praga", filmado em 1980, ficou inacabado durante mais de 20 anos, por falta de recursos para finalizá-lo. O cineasta Eugenio Puppo encontrou as latas com os negativos no escritório do paulista José Mojica, que morreu em 2020, e começou um trabalho que só terminou em 2021.




O espaço guarda o maior acervo de filmes da América do Sul e praticamente toda a produção audiovisual do cinema e da TV no Brasil. A restauração do filme "A Praga" contou com o apoio da Cinemateca, que tem quatro depósitos de filmes, muitos negativos originais dentro de grandes rolos armazenados em estantes distribuídas por inúmeros corredores.

São filmes raros como "Macunaíma" (1969), de Joaquim Pedro de Andrade; e a filmografia de Glauber Rocha, considerado o cineasta de maior destaque do Cinema Novo no país. Tudo isso fica guardado em salas com umidade controlada, a temperatura também, a 10,4°C, que é para manter protegido o arquivo histórico. São cerca de 40 mil filmes, entre programas de TV, jornalísticos, acervos das companhias Atlântida e Vera Cruz, além de películas de Mazzaropi e do seriado "O Vigilante Rodoviário", entre outros milhares de valiosos trabalhos.

Em julho de 2020, o Ministério Público de São Paulo entrou com uma ação na Justiça contra o governo federal por abandono da Cinemateca, que estava sob a órbita da Secretaria Especial de Cultura. No começo de 2021, a gestão passou para a Sociedade Amigos da Cinemateca, e tem hoje na sua direção a pesquisadora e professora titular da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), Maria Dora Mourão.

Membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes (FIAF), a Cinemateca foi oficializada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Salles Gomes, jornalista, crítico de cinema e tal como a atual gestora, professor titular da ECA/USP. Com a morte de Salles Gomes, em 1977, quem assumiu a direção da instituição foi sua esposa, a escritora Lygia Fagundes Telles, recentemente falecida, no mês de abril último.

Para quem quiser conhecer, ou rever, o trabalho e o acervo da Cinemateca, a sede da entidade fica no Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, na capital paulista.