Mercado global de IPOs passa dos US$ 600 bilhões em seu melhor ano

Mercado global de IPOs passa dos US$ 600 bilhões em seu melhor ano

O lançamento de ofertas públicas iniciais em 2021 já superou os US$ 600 bilhões, em um novo recorde mundial para o mercado de IPOs. Esse avanço nos números se deu sobretudo por dois motivos: o boom dos "blank-checks", ou os cheques em branco dados por grandes investidores ou fundos que permitiram a alguns players gastar o que fosse necessário para viabilizar seus IPOs; e pelos "valuations" cada vez mais altos e "espetaculosos" que muitas empresas atingiram em suas aberturas de capital.

Faltando menos de seis semanas para o final do ano, cerca de 2.850 companhias foram responsáveis por levantar essa cifra bilionária, batendo assim o ano de 2007, considerado até então o melhor ano dos IPOs, segundo levantamento da Bloomberg, que divulgou os dados.

Liderando as ofertas do ano, aparece em primeiro lugar a Rivian Automotive, que acaba de fazer agora em novembro seu IPO. A nova montadora de veículos elétricos levantou quase US$ 12 bilhões na Nyse. Na Ásia, o maior lançamento foi da China Telecom Corp, com 54 bilhões de yuans, ou US$ 8,4 bilhões, em agosto último. Na Europa, a polonesa In Post SA, especializada em meios de pagamento, protagonizou o maior negócio do continente, em janeiro, com uma oferta de 2,8 bilhões de euros, ou US$ 3,2 bilhões.

Essas empresas se aproveitaram para surfar na onda do pós-pandemia, no caso das duas mais recentes a abrir capital, e também souberam tirar proveito dos altos preços das ações em um mercado global valorizado; e superaram intempéries como o crackdown das empresas de tecnologia chinesas, por conta de disputas entre as bolsas de Hong Kong e dos Estados Unidos, em que o próprio governo chinês fez duras intervenções para que empresas locais cumprissem seus IPOs localmente.

O cenário é o seguinte, e muito se parece com o que se vê no Brasil: esses momentos de climax e lançamentos bilionários vão dando lugar a um ambiente de negócios mais dentro da realidade, o famoso "cair na real", que tornam os investidores mais seletivos na hora de entrar nos IPOs, analisa a Bloomberg.

Prosseguindo na avaliação, com a redução de estímulos monetários diante da escalada da inflação e do menor crescimento das economias em todo o mundo, os mercados podem sofrer uma correção. Nesse caso, as companhias com valuation superavaliado seriam as primeiras a sofrer o baque, assim como seus investidores.

Exemplos deste ano são a Kuaishou Technology, uma rival do TikTok que caiu 16% depois de suas ações terem sido lançadas com uma valorização que triplicou o preço médio inicial; a provedora indiana de pagamentos digitais Paytm's, que perdeu 27% de seu valor na semana passada; e a startup de entrega de comidas Deliveroo Plc's, que caiu 26%.

A reportagem da Bloomberg lembra que faltam algumas semanas para terminar o ano. Significa dizer que essa cifra de US$ 600 bilhões ainda pode dar um salto. No dia 8 de dezembro, o Nubank fará sua oferta na Nyse, com um valuation pretendido pelos seus principais acionistas em torno de US$ 50 bilhões.