O complexo cultural de Inhotim sediará, a partir de 4 de dezembro, mais um museu dentro de suas amplas instalações na cidade mineira de Brumadinho. Em parceria com o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), o Museu de Arte Negra (MAN) é a materialização de um projeto idealizado pelo Teatro Experimental do Negro, dirigido por Abdias Nascimento no início dos anos de 1950.
A iniciativa traduz a vontade de Abdias Nascimento de desafiar os conceitos vigentes sobre a arte moderna, revelando sua relação com a estética africana. Em sua vida, ele sempre procurou apoiar e promover a produção de artistas negros de todo o mundo e enfrentar o racismo em suas dimensões estética e institucional.
A exposição será dividida em quatro atos, cada um com duração de cerca de cinco meses. O primeiro, justo o que começa no dia 4 de dezembro, traz o diálogo entre a obra de Abdias, Tunga e o acervo do MAN em um espaço que remete às origens do Inhotim: a Galeria Mata, situada próximo à Galeria True Rouge, uma das primeiras da instituição e que expõe de forma permanente a instalação de título homônimo de Tunga.
Considerado um dos maiores expoentes da cultura negra no Brasil e no mundo, Abdias Nascimento nasceu em 1914 em Franca, interior paulista. Além da militância no movimento negro, que exerceu desde jovem, foi jornalista, economista, ator, teatrólogo, professor universitário no Brasil e nos Estados Unidos. Pelo estado do Rio de Janeiro, foi deputado federal e depois senador da República pelo PDT de Leonel Brizola.
Foto: Arquivo Nacional
O grupo funcionava como uma espécie de aliança poética e foi campo fértil para a amizade duradoura entre as famílias de Abdias e Gerardo. Foi Gerardo, inclusive, que indicou Abdias Nascimento pela primeira vez ao prêmio Nobel da Paz, em 1978. Ele seria indicado novamente em 2004, sendo que a indicação definitiva veio em 2010, um ano antes de sua morte.