Imagem: Divulgação
IPOs: em ano instável, as atenções agora se voltam para o Nubank

IPOs: em ano instável, as atenções agora se voltam para o Nubank

Com uma fila de empresas para lançar suas ofertas públicas na B3 ainda sem datas definidas, o boom de IPOs este ano parece ter chegado ao fim. Assim, os holofotes se voltam para a oferta que o Nubank fará no dia 9 de dezembro, na Nyse.

A fintech, fundada no Brasil em 2013, fará seu IPO por intermédio de uma offshore chamada Nu Holdings, situada nas Ilhas Virgens. Conforme divulgado pela imprensa em geral, o banco digital pretende alcançar um valuation de US$ 50 bilhões, movimentar algo em torno de US$ 3,65 bilhões no dia do lançamento e vender ações ao preço médio de US$ 10 a US$ 11,00.




Para os investidores brasileiros, o Nubank vai oferecer BDRs na B3, e anunciou que presenteará com esse tipo de ação alguns de seus clientes, dentro de condições que constam em um regulamento próprio. O cenário, dessa forma, tem tudo para ser um festejo dos executivos do banco no "dia D", ou o dia em que pretendem se tornar maiores do que Itaú e Bradesco.

Para o investidor, mesmo aquele que não irá comprar em Wall Street, fica a expectativa do que será esse grande desfecho do ano para o mercado dos IPOs envolvendo empresas brasileiras na B3, Nyse ou Nasdaq. Um segmento que atravessou muito bem o primeiro semestre mas depois engasgou, como o próprio Ibovespa, como a própria economia brasileira ameaçada cada vez mais pelo fantasma da inflação.

O mais recente e badalado lançamento que aconteceu em solo brasileiro foi o da Raízen, uma das três maiores distribuidoras de petróleo do País, que entrou no mercado aberto dia 5 de agosto sob uma forte campanha de bancos e corretoras. Considerada uma empresa sólida e que vem procurando diversificar no campo da chamada "energia limpa", a Raízen vendeu com grande expectativa mas, até agora, seu desempenho é considerado tímido. Seu papel sofre uma desvalorização de 10%, embora seja uma ação recomendada pelos especialistas.


 Raízen vendeu com grande expectativa mas, até agora, seu desempenho é considerado tímido. 

A volatilidade das units teve lances, porém, que lembraram a Robinhood, aquela corretora norte-americana que atraiu milhões de jovens para o mercado acionário em meio à pandemia de Covid-19, fazendo-os investir freneticamente naquilo que ficou conhecido como "gamerização" dos pregões - uma espécie de adaptação do "day trade" em plataformas amigáveis para quem passou os tempos difíceis de pandemia trancado em casa entre aulas e joguinhos on-line.

Quando se lançou ao mercado, no começo do ano, a Mosaico, dona dos sites de busca Buscapé, Bondfaro e Zoom, conseguiu em praticamente dois dias dobrar o valor de seus papéis. Hoje, os mesmos amargam uma desvalorização de 100%.

Já a plataforma de investimentos para jovens, Traders Club - agora chamada apenas de TC - causou sensação em seu lançamento, dia 26 de agosto. Contratou até o DJ brasileiro Alok para anúncios na TV. No primeiro dia de vendas, valorização de 32,63%. O balanço do DJ nas suas poderosas picapes não segurou, porém, esses números positivos da fintech, que hoje amarga uma desvalorização de 59%.

Tão ou mais badalado foi o lançamento das units da SmartFit, dia 14 de julho. Com a reabertura gradual do comércio - e das academias - sendo programada naquele momento, a maior rede nacional do setor lançou-se com tudo ao mercado acionário, subindo 40% em apenas três dias. Hoje, tenta recuperar uma desvalorização que atinge 13%.


SmartFit tenta recuperar uma desvalorização que atinge 13%.

Quase nada se compara, até o momento, às quedas de duas entrantes também este ano na B3. A Westwing e a Mobly apresentam fortes desvalorizações de 240% e 220%, respectivamente. Ambas são do mesmo mercado, de móveis e decorações, com atuação focada no e-commerce. Junta-se a elas a Oceanpact, empresa de serviços marítimos que tem desvalorização de 222%, tendo enfrentando sérias disputas trabalhistas no decorrer do período.

No caso da Westwing e Mobly, são negócios que atravessam as mesmas dificuldades que não se restringem a uma questão de precificação talvez exagerada ou aos castigos da economia inflacionada. Tanto que a primeira está diversificando, tendo comprado este ano o site de turismo e viagens Zarpo.



O mercado de móveis é altamente competitivo em formação de preços, que enfrenta a concorrência nacional (TokStok, Aetna, MadeiraMadeira e até de lojas de materiais de construção, como a francesa Leroy Merlin) e internacional, com sites locais como o da Floyd (EUA) e globais, como o Alibaba, enviando para qualquer parte do mundo produtos feitos na China e que podem ser montados pelos próprios clientes.

Mas as ofertas públicas iniciais de 2021 só trouxeram resultados ruins? Não. Há bons resultados para se comemorar, como se pode ver no ranking montado por IPO News. Ótimos, na verdade, como no caso do grupo de atacarejo Assai. Pertencente a Sendas Distribuidora, a rede fez seu IPO no final de fevereiro e disparou 385% na estréia. Hoje, mesmo com as dificuldades da economia no segundo semestre, ainda acumula 425% em ganhos para seus investidores.

O segundo melhor desempenho no ranking é da Vamos, empresa de aluguel de caminhões e logística, entrante no início do ano, que apresenta até o momento ganhos de 95%. Com resultados também fortes (55%), aparece a Armac, outra companhia de logística que entrou na B3 no final de julho.



O Grupo GPS, de serviços de segurança e limpeza, fez sua estreia em abril e acumula alta de 42% em suas ações, levando inclusive outras grandes do mesmo setor a programar ofertas na B3, caso da Verzani & Sandrini. Já a Intelbras, que começou no mesmo mês, traz resultados positivos de 33%. Com saldos favoráveis, embora menores do que estes cinco primeiros, aparecem Eletromídia, Caixa Seguridade, Blau Farmacêutica e Petro Recôncavo.

A seguir, os dados do levantamento feito por IPO News:


(*) Preço da ação já descontado, após desdobramento 5x
(**) Preço da ação já descontado, após desdobramento 4x