A empresa de e-commerce AliExpress, que atua no País desde 2019, anunciou que abriu sua plataforma para vendedores brasileiros e trouxe junto outros dois negócios da gigante chinesa Alibaba: a carteira AliPay e a logtech Cainiao.
A notícia vem para acirrar dois importantes mercados em desenvolvimento no Brasil e no mundo: as plataformas de comércio eletrônico do varejo, hoje disputadas aqui por Magalu, Via, Americanas, e estrangeiras como Shopee e Shein; e as empresas de meio de pagamento, já que a AliPay entra numa disputa global com players como PayPal, PicPay, PagSeguro e o próprio Whatsapp. Nesse segmento, a AliPay já tem uma parceria com a Stone, para processar os pagamentos; e com o BTG, para fazer o onboarding (integração com clientes).
O Brasil é o primeiro país das Américas a possibilitar o cadastramento de vendedores locais, e o sexto do mundo. Até agora, os produtos comprados no AliExpress vinham diretamente da China. O cadastramento dos vendedores começou há três semanas e, segundo informação da empresa, já tem milhares de vendedores, sem especificar quantos.
Para fazer as entregas, a AliExpress dispõe da Cainiao, que por sua vez usa a Intelipost para rastreio e os Correios para entrega e devolução. Mas o comerciante pode optar por usar sua própria logística. A companhia negocia no momento com 12 outras empresas do setor para atender a demanda de entregas. Porém, ainda não possui um centro de distribuição próprio no Brasil, o que está nos planos do negócio.
Os produtos importados da China levam entre sete a 10 dias para serem entregues no Brasil, o que traz mais um desafio para a gigante chinesa de comércio eletrônico, pois os concorrentes locais conseguem cumprir prazos menores. Um caso de "logística transnacional" que vem recebendo atenção especial dos executivos da empresa no País e na China. Outra lição de casa para esses profissionais: o aplicativo do AliPay, que está disponível nas lojas de aplicativos brasileiras, ainda traz suas descrições no idioma chinês.
Por outro lado, a AliExpress começa o serviço de vendas locais com uma estratégia agressiva de taxas de comissionamento de 5% a 8%, sendo 5% para produtos como celulares e 8% para laptops e papelaria. Com isso, a empresa quer beneficiar e atrair um grande contingente de pequenos comerciantes, sobretudo das PMEs.
Por enquanto, a companhia focará seu modelo de negócio no mercado local e também no cross-border (compras do exterior para o Brasil). A chance de os comerciantes brasileiros venderem para o resto do mundo ficará para uma outra oportunidade.