Destaques: IPO da Mater Dei e IPO da Infracommerce

Destaques: IPO da Mater Dei e IPO da Infracommerce

Por Ana Paula Ragazzi - De São Paulo

IPO da Mater Dei


A rede mineira de hospitais Mater Dei sondou ontem investidores sobre o apetite para seus papéis em oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) com desconto de 15%, de acordo com fontes de mercado. A definição do preço da operação está marcada para hoje. A faixa inicialmente sugerida para a operação variava entre R$ 21,80 e R$ 26,20. No centro dessa faixa, a operação poderia alcançar R$ 1,937 bilhão, considerando a oferta-base, sem os lotes extras. Aplicando o desconto de 15% em relação ao piso do intervalo sugerido, o volume da operação pode cairá para cerca de R$ 1,5 bilhão.

IPO da Infracommerce afeta Iguatemi, diz Citi


Oferta poderá "destravar valor" hoje não percebido pelo mercado na operadora de shoppings Iguatemi

A partir de informações de documentos públicos, como o balanço da Iguatemi e o prospecto do IPO da Infracommerce, o Citi diz acreditar que a Iguatemi detém fatia de cerca de 16% na Infracommerce que está atribuída a um fundo estrangeiro, chamado Engadin - a Iguatemi seria cotista desse fundo. Nos cálculos do Citi, a Infracommerce pode ser avaliada em R$ 645 milhões no IPO - ou 10% do valor de mercado da Iguatemi. Ontem na B3, entre os papéis do setor, as ações do Iguatemi foram destaques de alta, com valorização de 3,88%, a R$ 38,03 - BR Malls subiu 0,5% e Multiplan, 1,15%.

A Infracommerce é um habilitador de e-commerce e omnicanal, que terceiriza para empresas as áreas de marketing, conteúdo, pagamento, logística e atendimento ao cliente.

Conforme o relatório do Citi, nas notas das demonstrações financeiras do quarto trimestre de 2020, consta que o Iguatemi detinha R$ 69,6 milhões em um fundo internacional. O nome do fundo não é divulgado. Mas o Citi avalia que esse fundo deve ser focado em investimentos "venture capital", numa iniciativa do Iguatemi semelhante a que tiveram BR Malls e Multiplan, que investiram na Delivery Center, empresa de centrais de entrega alocadas dentro de shoppings.

O Citi, então, pesquisou o número de identificação do contribuinte de Engadin na Receita Federal e verificou que o e-mail do representante legal de Engadin está no domínio do Iguatemi (@iguatemi.com.br).

Por fim, segundo informa o relatório do Citi, o Iguatemi aparece como parte relacionada no prospecto da oferta da Infracommerce.

Diante desses documentos, o relatório, assinado por André Mazini, atribui "alta probabilidade" de o Iguatemi ser cotista relevante do Engadin, um dos principais acionistas da Infracommerce.

Pedro Jereissati, da família controladora do Iguatemi, é presidente do conselho de administração da Infracommerce - o prospecto não atribui a ele a condição de acionista direto ou indireto da empresa. Pedro é também CEO do Grupo Jereissati e está no conselho da Iguatemi e do Grande Moinho Cearense.

No mercado havia ainda avaliações de que a participação no fundo poderia ser do Grupo Jereissati ou até mesmo de Pedro, como pessoa física. No entanto, o documento do Citi informou que a identificação na Receita cita o domínio "@iguatemi.com.br".

O Valor procurou o Iguatemi e a Infracommerce, mas as empresas não retornaram a pedido de entrevista para esclarecer sobre a participação no fundo.

O Citi tem recomendação de compra para as ações do Iguatemi, com preço-alvo de R$ 40. A Infracommerce vai definir o preço de sua ação no IPO dia 27. A empresa busca R$ 2 bilhões em oferta primária e secundária - o Engadin não está entre os acionistas vendedores.

Valor Econômico