'Há interesse enorme (do mercado) na Caixa Seguridade', disse Guimarães. | Imagem: Foto: Walterson Rosa
IPO da Caixa Seguridade pode levantar R$ 5,7 bi; empresa define faixa de preço das ações

IPO da Caixa Seguridade pode levantar R$ 5,7 bi; empresa define faixa de preço das ações

Valor dos papéis foi fixado entre R$ 9,33 e R$ 12,67; plano é fazer abertura de capital ainda este mês, apesar de várias empresas terem adiado operações por causa da crise gerada pela pandemia de covid-19

Aline Bronzati, O Estado de S.Paulo

A Caixa Seguridade, holding de seguros da Caixa Econômica Federal, definiu os preços indicativos para suas ações na abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) prevista para este mês. A faixa vai de R$ 9,33 a R$ 12,67 por ação. Se a oferta sair no topo do preço, a empresa pode levantar até R$ 5,7 bilhões.

O avanço do IPO da Caixa Seguridade ocorre a despeito do ambiente da maior aversão às estatais no Brasil diante de episódios de interferência do governo Bolsonaro em companhias como Petrobrás e Banco do Brasil. Nesse sentido, a estratégia da companhia, que vem monitorando o humor mercado de mercado, é vender uma fatia menor na oferta base.

A ideia da Caixa, dona da holding, é oferecer somente 15% do negócio, e ainda um lote adicional. Antes, cogitava-se 30%. Mais adiante, com a companhia já listada, o banco poderia fazer uma oferta secundária, o chamado follow on, no jargão do mercado, conforme antecipou o Estadão/Broadcast.

Momento de insegurança

Conforme mostrou o Estadão, várias empresas estão desistindo de abrir o capital neste momento, por conta do avanço da covid-19 e também do aumento dos ruídos políticos, que acabam atrapalhando a economia. Neste ano, 18 empresas já anunciaram que vão adiar seu IPO.

Enquanto se preparava para abrir capital, a Caixa Seguridade conseguiu entregar tudo o que prometeu aos investidores no passado, o que pode ajudar a conter o cenário mais adverso para estatais no Brasil. Na última quarta-feira, anunciou a conclusão da implementação de mais duas parcerias. Uma com a já sócia francesa CNP Assurances, na área de consórcios, e outra com a brasileira Icatu, em capitalização.

O movimento encerra um processo de reestruturação da operação de seguros da Caixa que rendeu R$ 10 bilhões ao banco público a partir da venda da exclusividade de seu balcão a companhias nacionais e estrangeiras. Além de cinco joint ventures com seguradoras, estruturou uma corretora de seguros 100% própria, que é parte importante na receita de seguros para bancos, e também selou parceria com outras três corretoras para turbinar a distribuição de apólices Brasil afora.

A leitura na Caixa é a de que retomar a conversa com os investidores para o IPO, com toda a lição de casa feita pode render frutos, ainda que pese um cenário mais adverso para estatais no Brasil. Isso porque a operacionalização das parcerias prometidas mitiga os riscos de não-execução, afirma uma fonte, que prefere não ser identificada. O próprio presidente da Caixa, Pedro Guimarães, já disse não ver motivos para aversão de investidores a estatais.

Além de vender uma fatia menor na bolsa - a orientação da Caixa é desovar o "mínimo possível", afirma outra fonte, o banco também quer lotar a operação com ordens do varejo, aproveitando o crescimento no número de investidores na Bolsa diante do cenário de juros baixos. O objetivo é distribuir, ao menos, 50% do seu IPO para investidores pessoas físicas. Também deverá contar com uma ajuda dos funcionários da instituição, que poderão comprar ações, fora o segmento private, aqueles dos mais ricos.

Valor de mercado

No passado, a oferta da Caixa Seguridade era estimada em R$ 15 bilhões, e o objetivo do banco público era avaliá-la entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões. Agora, esse deve ser o patamar a ser alcançado nos próximos anos, após ser listada em Bolsa, equiparando-se, assim à BB Seguridade, que vale R$ 49,5 bilhões na B3.

O IPO da Caixa Seguridade foi paralisado em meio à pandemia e retomado este ano. Em sua nova tentativa de se listar na Bolsa, a companhia protocolou o pedido junto à CVM no início de março. A operação está sendo estruturada pela própria Caixa, ao lado de Morgan Stanley, Bank of America, Itaú BBA, Credit Suisse e UBS BB. O Banco do Brasil também está na operação e será responsável por incrementar a oferta junto ao varejo, ao lado da Caixa.

O Estado de S.Paulo
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