Bolsonaro e Michelle em comício - Reprodução TV | Foto: Bolsonaro e Michelle em comício - Reprodução TV |
Para evitar Michelle candidata, Bolsonaro cobra do PL pesquisa com Flávio

Para evitar Michelle candidata, Bolsonaro cobra do PL pesquisa com Flávio

Por: Tales Faria

Pesquisas eleitorais apontando sua mulher, Michelle Bolsonaro (PL), como a preferida do eleitorado na família para concorrer à Presidência da República têm deixado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) preocupado. Ele está cobrando do seu partido pesquisas mais detalhadas que incluam como candidato o filho senador, Flavio Bolsonaro (PL-RJ).

A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira, 13, por exemplo, revelou que em nenhuma vez, nos levantamentos realizados desde maio até agora em novembro, Flávio Bolsonaro conseguiu alcançar nem mesmo 1% das menções espontâneas de voto dos entrevistados.

O problema para o Bolsonaro pai é que, da família, somente ele próprio e Michelle aparecem na pesquisa espontânea.

Com o agravante de que Jair Bolsonaro está inelegível, prestes a ser preso, e o filho deputado, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), está praticamente exilado fora do país, com risco de encarar um processo quando voltar.

Mais. O ex-presidente involuiu de 9% nas menções espontâneas dos entrevistados para 6%, enquanto sua mulher variou de traço para 1% nos seis levantamentos espontâneos desde maio.

No perfil machista do clã, não cabe entregar a Michelle - uma mulher, e do terceiro casamento - o espólio político amealhado pelo pai. Nesse quadro, antes de ver pulverizado seu legado, Bolsonaro ainda quer tentar passá-lo ao filho Flávio, que ele acredita ainda ter alguma possibilidade. Daí porque cobra sondagens de opinião específicas do PL.

Na pesquisa estimulada Genial/Quaest, Michelle se sai melhor num eventual primeiro turno contra Lula do que Eduardo, e até mesmo do que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ela teria 18% das intenções de voto, contra 16% de Tarcísio e 15% de Eduardo. Já Lula varia de 31% a 35%.

No eventual segundo turno contra Lula, Michelle ficaria com 35% e Eduardo, com menos, 33%. O melhor desempenho aí é fora da família, com Tarcísio de Freitas e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), chegando ambos a 36% contra Lula. O paranaense Ratinho Junior (PSD) e o goiano Ronaldo Caiado (União Brasil), teriam o mesmo desempenho de Michelle: 35%. Todos perdendo para o presidente Lula.

Como os demais integrantes do clã Bolsonaro, Michelle vai muito mal no quesito rejeição. 61% dos entrevistos pela Genial/Quaest a conhecem e não votariam nela. Em compensação, Eduardo tem uma rejeição ainda maior: 67%.

Neste quesito, os governadores pré-candidatos se saem melhor, com rejeições variando entre 35% e 40%. A imagem da família deteriorou-se quase completamente por defenderem o tarifaço do norte-americanos Donald GTrump contra o Brasil.

É grande o risco de só restar ao ex-presidente Jair Bolsonaro ter que entregar seu legado a alguém de fora da família, como Tarcísio de Freitas e os governadores de direita, ou à sua mulher, que já colecionou desavenças pesadas com alguns dos filhos, especialmente o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL).

Se Bolsonaro perguntar ao presidente do seu partido, Valdemar Costa Neto, qual nome da família os integrantes da legenda preferem como candidato (a) ao Palácio do Planalto, Valdemar responderá que é Michelle, sem dúvida.

O entorno do ex-presidente não aguenta mais a canga com que Bolsonaro e os filhos tratam quem não é da família. Michelle é mais maleável, por incrível que pareça, embora, para os políticos próximos, qualquer aliado que tivesse votos para concorrer seria melhor do que um membro do clã.

Correio da Manhã
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