Secretário da Segurança de Tarcísio de Freitas foi designado relator do projeto, de autoria do governo Lula
Polícia Federal diz que acompanha mudanças feitas ao texto com 'preocupação'
Mariana Brasil
A Polícia Federal criticou nesta segunda-feira (10) as alterações feitas ao PL Antifacção pelo relator da proposta no Congresso, Guilherme Derrite (PP-SP), afirmando que as mudanças, que incluem as atribuições da PF em investigações contra o crime organizado, representam um risco de enfraquecimento nas ações que miram esses grupos.
Logo após a manifestação da corporação, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou ter intermediado um diálogo entre Derrite e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, para que o projeto mantenha as atribuições da corporação nessas investigações.
Derrite é secretário da segurança pública do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e foi designado relator por Motta na sexta-feira (7). Por se tratar de um projeto de autoria do governo federal, a escolha foi vista como um revés para o governo Lula (PT).
"A proposta original, encaminhada pelo Governo do Brasil, tem como objetivo endurecer o combate ao crime e fortalecer as instituições responsáveis pelo enfrentamento às organizações criminosas. Entretanto, o texto em discussão no Parlamento ameaça esse propósito ao introduzir modificações estruturais que comprometem o interesse público", diz nota da PF.
A polícia cita ainda que o relatório apresentado por Derrite propõe mudanças significativas ao papel institucional da Polícia Federal no combate ao crime, com destaque àqueles contra criminosos poderosos e organizações de grande alcance
"A execução de operações pela Polícia Federal dependeria de solicitação do governo estadual da região investigada, o que constitui um risco real de enfraquecimento no combate ao crime organizado", diz ainda a nota.
Como mostrou a Folha, o governo federal deve centrar esforços para apontar o que classifica como problemas no relatório apresentado ao projeto de lei antifacção, na tentativa de ganhar tempo para construir um meio-termo antes de a proposta ser votada. Motta incluiu o tema na pauta desta semana.
A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) também criticou as mudanças nesta segunda-feira, afirmando que elas retiravam o poder da Polícia Federal em casos envolvendo o crime organizado.
"Na prática, as mudanças que o Secretário de Tarcísio de Freitas propõe, vão proteger a bandidagem e as facções, subvertendo totalmente o projeto enviado pelo governo do presidente
@LulaOficial", escreveu no X (antigo Twitter). "E para piorar, ele mantém com outro nome a ideia de classificar facções como terroristas, que não resolve nada, mas é uma grave ameaça à soberania do país e nossas empresas."
O projeto era a principal aposta do presidente para responder à crise da segurança pública gerada pela pela megaoperação da polícia do Rio, que resultou na morte de mais de 120 pessoas. Desde que foi deflagrada, a operação tem sido usada com objeto de embate entre governo e oposição, tendo como pano de fundo as eleições de 2026.
Folha de S.Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2025/11/pf-critica-texto-de-derrite-e-motta-diz-que-pl-sera-alterado-para-manter-atribuicoes-da-corporacao.shtml





