Emanoelton Borges, estrategista político Imagem: Divulgação |
Estrategista de JHC vence 'Oscar' da consultoria política nos EUA

Estrategista de JHC vence 'Oscar' da consultoria política nos EUA

Saulo Pereira Guimarães

O estrategista político Emanoelton Borges ganhou nesta semana o Napolitan Awards, prêmio considerado o "Oscar" da consultoria política, na categoria "pesquisador do ano". A honraria é concedida pela Academia de Artes e Ciências Políticas de Washington, nos Estados Unidos, e será entregue no próximo dia 30.

O que aconteceu

Borges foi escolhido entre 200 nomes. Nos últimos anos, ele atuou nos bastidores das campanhas de João Doria (PSDB) para as prévias do PSDB, em 2021, e de JHC (PL) para a Prefeitura de Maceió, em 2024. Pesquisadores da Argentina e do México receberam o prêmio em edições recentes do Napolitan.

"O Brasil é referência na comunicação política, e ser escolhido é uma alegria", diz Borges. Seu trabalho combina métodos tradicionais das pesquisa de opinião com entrevistas georrefenciadas, análise de dados por inteligência artificial e outras novidades tecnológicas para criação de estratégias eleitorais.

Impacto causado pelo trabalho do premiado em 2024 foi "principal critério" de avaliação, informam organizadores. "Toda postulação deve incluir provas ou evidências que respaldem o declarado (pelo premiado ao se candidatar ao prêmio)", explicou a Academia de Artes e Ciências Políticas de Washington ao UOL.

Estrategista defende "pesca em vários aquários" no lugar de "tiro de canhão". Para Borges, recursos que atingem várias pessoas ao mesmo tempo -como o horário eleitoral na TV- devem cada vez mais ceder espaço para estratégias que visam atingir públicos específicos, como vídeos.

"Certos públicos só são mobilizados a partir de determinadas propostas", diz pesquisador. Ele cita como exemplo eleitores que dão muita importância a temas como autismo e causa animal. Para lidar com isso, Borges diz que já produziu até 260 vídeos para promover um mesmo candidato entre diferentes segmentos.

"Nosso trabalho permite que os candidatos saiam do óbvio", explica Borges. Segundo ele, a obtenção de dados mais precisos sobre o que preocupa o eleitorado permite que os postulantes explorem temas para além de saúde, segurança e educação, que tradicionalmente constam nos discursos de quem disputa um cargo.

Prognósticos sobre 2026

Brasileiros estão cansados da polarização, diz especialista. Ele lembra que, às vésperas do segundo turno em 2022, os níveis de rejeição de Bolsonaro (PL) e Lula (PT) ultrapassavam 40%. Borges crê que uma alternativa aos dois teria chance de ganhar no ano que vem, mas entende que faltam nomes de peso para isso.

"Eleitor tem escolhido o candidato cada vez mais tarde", destaca Borges. Segundo ele, o tempo médio para que os nomes fossem escolhidos aumentou a cada ciclo eleitoral nas últimas quatro disputas. "E, se a cabeça do eleitor não está aberta para falar sobre eleição, não adianta nada falar", diz especialista.

Pesquisa recente aponta Lula na liderança em todos os cenários. Um levantamento Genial/Quaest divulgado na última quinta (9) indicou que o atual presidente tem 35% ou mais das intenções de voto contra diferentes rivais no primeiro turno e mais de 41% nas simulações de disputa contra vários concorrentes no segundo turno.

Indefinição de nomes na direita favorece petista. Com a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), os votos do campo estão pulverizados entre pré-candidatos como Ronaldo Caiado (União) e Romeu Zema (Novo). Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) diz que vai buscar a reeleição.

Escolha de nome por Bolsonaro pode mudar esse cenário. Principal liderança da direita no país, o ex-presidente pode aumentar as intenções de voto do candidato que ele apontar como seu herdeiro político. Até o momento, Bolsonaro diz que irá concorrer - embora não tenha as condições legais para isso.

Uol
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2025/10/12/estrategista-de-jhc-vence-oscar-da-consultoria-politica-nos-eua.htm