Provedora de banda larga procura um comprador e confirmou a realização de conversas
Por Cynthia Decloedt (Broadcast) e Circe Bonatelli (Broadcast)
A negociação da Claro para aquisição da Desktop está avançada e caminha para apresentação de uma oferta vinculante nas próximas semanas. A expectativa das partes é assinar o acordo ainda neste ano, de acordo com fontes consultadas pela Coluna.
A Desktop está há cerca de dois anos à procura de um comprador. A empresa é uma investida da gestora de recursos HIG Capital, que detém 51% da provedora de banda larga, por meio do fundo de investimento Makalu Brasil Partners. A HIG entrou na companhia em 2020, antes mesmo da oferta inicial de ações na Bolsa (IPO, na sigla em inglês), ocorrida em 2021, quando levantou R$ 715 milhões. Nesta negociação, está procurando um caminho para monetização e saída do investimento.
Um desafio para uma transação de compra e venda sair do papel é o preço. Atualmente, as ações da Desktop são negociadas a R$ 12,34, cerca de 50% abaixo da precificação na época do IPO. Para que haja um acordo, será preciso que as partes calibrem suas expectativas quanto ao valor justo. A Desktop fechou o pregão desta quarta-feira, 8, valendo R$ 1,4 bilhão na bolsa.
Em comunicado ao mercado, a Desktop confirmou as conversas, ponderando que ainda são preliminares, sem definição de preço nem de estrutura. A Claro não se manifestou.
Empresa já negociou com a Vivo
Em 2024, a Desktop chegou a se engajar em conversas com a Telefônica Brasil, dona da Vivo, mas a venda não teve um desfecho por falta de acordo sobre o preço. Outra barreira foi que Desktop e Vivo têm sobreposição nas redes de fibra ótica em algumas regiões, o que limitou a atratividade de uma transação.A Desktop é a maior provedora de banda larga do Estado de São Paulo, sem contar as grandes teles nacionais, com uma rede de fibra ótica de 57 mil quilômetros e 1,2 milhão de clientes em 200 cidades - o equivalente a 7,5% de participação no mercado em São Paulo.
Para a Claro, a potencial aquisição representaria um avanço importante no Estado, onde disputa a liderança com a Vivo. A Claro tem 4,5 milhões de clientes em São Paulo (28,3%), enquanto a Vivo conta com 4,8 milhões (30,2%).
Concentração de mercado
Uma operação do tipo também aumentaria a concentração do mercado de banda larga no Estado, ponderaram os analistas de telecomunicações do Citi, André Cordona, Leandro Bastos e Matheus Tostes. Em seus cálculos, a empresa resultante da combinação chegaria a cerca de 36% de participação de mercado."O risco de concentração é um debate fundamental, principalmente quando se considera a participação de mercado resultante, com picos de 70% em certos municípios", afirmaram, em relatório. "Embora seja muito cedo para avaliar o risco de possíveis soluções, acreditamos que a análise antitruste provavelmente será complexa".
Os analistas do Citi apontaram ainda que a transação, se confirmada, deve colocar mais pressão sobre a TIM - única das grandes teles que não tem uma operação de banda larga de expressão nacional e que avalia o que fazer com o negócio de internet fixa.
Estadão
https://www.estadao.com.br/economia/coluna-do-broad/claro-e-desktop-esperam-fechar-aquisicao-ainda-neste-ano/