Cálculo é do grupo de pesquisa "Monitor do debate político", da USP; público é três vezes maior do que manifestação de junho
Por Sérgio Quintella - São Paulo
O ato pró-Bolsonaro neste domingo (3) na Avenida Paulista reuniu 37,6 mil apoiadores do ex-presidente no horário de pico, às 15h33. O cálculo é do grupo de pesquisa "Monitor do debate político" do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), coordenado por Pablo Ortellado e Márcio Moretto, da Universidade de São Paulo (USP), e da ONG More in Common. A margem de erro do levantamento é de 4,5 mil pessoas para mais ou para menos.
O público é mais do que três vezes maior do que a última manifestação convocada pela direita em São Paulo, em 29 de junho, que somou 12,4 mil pessoas.
A marca, entretanto, não alcançou o público reunido em ato realizado no mesmo local, no dia 6 de abril, quando Bolsonaro recém havia sido tornado réu no Supremo Tribunal Federal (STF) e tentava pressionar pela aprovação do PL da Anistia no Congresso aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Na época, foram estimadas 44,9 mil pessoas.
O melhor resultado medido pelo grupo de pesquisa da USP continua sendo o de 24 de fevereiro do ano passado, quando Bolsonaro reuniu 185 mil apoiadores para rebater as investigações da Polícia Federal sobre a mesma trama golpista.
Sem Bolsonaro´
Bolsonaro não participou da manifestação deste domingo, uma vez que cumpre medidas cautelares em Brasília impostas pelo STF. Este é o primeiro ato desde que o ex-mandatário passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica, e ficou com restrições de locomoção, como viajar para fora do Brasil e sair à noite e aos finais de semana.
Convocada pelo pastor Silas Malafaia, a manifestação ocorreu em várias cidades do país. Em São Paulo, os manifestantes se concentram próximos ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), no início da avenida, a partir das 14h. O ato terminou por volta das 16h.
Entre os políticos presentes, estavam o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB); o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto; e os deputados federais Sóstenes Cavalcante (PL), Nikolas Ferreira (PL) e Tomé Abduch (Republicanos).
O ato foi marcado por ausências importantes do campo da direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado como principal herdeiro político de Bolsonaro. Segundo uma nota distribuída por sua assessoria, ele passou neste domingo por um procedimento hospitalar "de radioablação por ultrassonografia", que ocorreu sem intercorrências. "A alta está prevista para a noite de hoje. Nesta segunda-feira (04), o governador cumprirá agenda interna em seu gabinete, no Palácio dos Bandeirantes".
Diferentemente da manifestação de abril na Paulista, marcada pelo discurso de Bolsonaro em inglês, desta vez o ato não contou com outros possíveis presidenciáveis, como os governadores Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, Romeu Zema (Novo), de Minas, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás.
Os apoiadores de Bolsonaro levaram faixas com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), além de pedidos de anistia aos condenados pela tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. Na mira dos manifestantes, estiveram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Outra pauta presente no ato foi o apoio ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na semana passada impôs um tarifaço a vários países, incluindo o Brasil. Trump colocou o país no topo de sua guerra comercial, aumentando tarifas de importação de produtos brasileiros a 50%.
O Globo
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