Ministro negou, no entanto, que tenha conversado com Lula sobre candidatura no ano que vem
Marcos Hermanson
Brasília
O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, afirmou nesta terça-feira (8) que poderia assumir a coordenação da campanha ou do programa de governo de uma eventual candidatura de Lula nas eleições presidenciais de 2026.
"Eu poderia assumir função na campanha, não teria problema", disse Haddad em entrevista ao portal Metrópoles, ponderando que gostaria de ficar até o fim do mandato à frente da pasta econômica. "Se eu for coordenar a campanha eu não posso ficar [até o final, ou] se eu for coordenar o programa de governo [como em 2018]".
Haddad disse que não há decisão tomada, no entanto, e que o presidente não pediu que ele seja candidato a algum cargo pelo estado de São Paulo em 2026. "Eu não acredito que o presidente vá me pedir isso".
Questionado sobre se o próprio Lula será candidato, ele afirmou que sim e afastou comparações entre o mandatário, que fará 80 anos em outubro, e o ex-presidente americano Joe Biden, que tinha 82 ao deixar o cargo no ano passado demonstrando fragilidade e lentidão nas aparições públicas.
"Quem compara deveria tentar acompanhar a agenda do Lula por uma semana. Se aguentar, pode falar se está fraco", afirmou o ministro. Segundo a última pesquisa Datafolha, Lula lidera os cenários de primeiro turno em 2026 e empata com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no segundo.
O chefe da Fazenda também minimizou pesquisas de opinião que mostram o governo com 40% de desaprovação, e argumentou que elas também mostram percepção de melhora na vida -33% dos brasileiros dizem que nos últimos meses a sua situação econômica piorou, enquanto 28% dizem que ela melhorou.
O ministro atribuiu os índices de popularidade do governo à dificuldade da militância de travar a disputa nos meios digitais, e disse ver um PT que vive seu momento de digitalização. "O PT vai perceber que sua sobrevivência depende desse tipo de embate", afirmou.
Na conversa com o Metrópoles, Haddad disse ainda que deve se encontrar com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), nesta semana, e defendeu que as casas de apostas virtuais (bets) devem receber tratamento semelhante ao das fabricantes de cigarro e bebidas alcoólicas.
Folha de S.Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/07/haddad-diz-que-pode-deixar-fazenda-para-assumir-funcao-na-campanha-de-2026.shtml