Ex-vereadora de Araraquara quando o novo presidente do PT era prefeito, ela busca pontos fracos da gestão do governador, que pode ser rival de Lula em 2026

Por Heitor Mazzoco

Líder da minoria na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) há dois meses, a deputada Thainara Faria (PT) se tornou uma das principais vozes na oposição ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em 2026, enquanto disputará uma provável reeleição para o Legislativo paulista, Thainara também será bastante ouvida dentro do próprio partido para apontar problemas do chefe do Poder Executivo estadual, que a cada dia é o nome mais próximo de se tornar opositor de Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial do ano que vem.

Outro ponto que torna Thainara importante para o PT em São Paulo é ter sido eleita vereadora duas vezes (2016 e 2020) em Araraquara, interior do Estado, e ter proximidade com demais vereadores e prefeitos de cidades distantes da capital. Ela foi da base do governo de Edinho Silva, o ex-prefeito da cidade por quatro mandatos e eleito na última segunda-feira, 7, o presidente nacional do PT.

Reportagem de VEJA desta semana mostra que Tarcísio de Freitas tem a sua gestão à frente do governo de São Paulo cada vez mais na mira do PT, que o vê como o adversário a ser batido em 2026. A ponta-de-lança da ofensiva para tentar desnudar o governo do futuro provável rival está na Alesp. "A população sente quando as coisas vão muito bem ou muito mal. Ou é culpa do prefeito ou do presidente da República. Elas se esquecem do papel do governador do Estado nisso tudo", disse a deputada, sobre qual tem sido o papel da oposição a Tarcísio. "Por exemplo, quando o Lula zerou o ICMS dos alimentos, faltou a parte do Tarcísio, que ele não fez. E isso fica na conta do presidente da República e não do governador do Estado", complementa.

Thainara, que nasceu em 1994 em Araraquara, diz que a gestão Tarcísio é bem avaliada (66,8% dos entrevistados pelo instituto Paraná Pesquisas em maio último aprovam o governo) por causa do esquecimento da população para as funções do chefe do Poder Executivo estadual. "Não reflete a realidade de um governo desastroso", afirmou.

Como mostrou a reportagem de VEJA, integrantes do PT buscam elementos para desgastar o governo Tarcísio, como a expansão dos pedágios, eventuais falhas no serviço prestado pela Sabesp após privatização na atual gestão e a insatisfação de parte do funcionalismo. Em debates na Alesp, ela tem frequentemente exposto material comparando as gestões de Lula e de Tarcísio.

Para ela, não há dúvida de que o bolsonarismo vai abraçar o governador de São Paulo para a disputa presidencial de 2026. "Temos a noção de que, por mais que (Jair) Bolsonaro tente invocar um milagre e uma interferência internacional do (Donald) Trump para que ele possa disputar as eleições de 2026, ele está inelegível e não poderá fazê-lo. Então, a maior chance do Bolsonaro é tentar cavar um espaço na chapa do Tarcísio para alguém da família dele, que me parece pode ser o Eduardo (Bolsonaro) ou a Michelle Bolsonaro", destaca a parlamentar, que é advogada com especialização em direito constitucional.

Recentemente, a maioria dos deputados estaduais votou favorável a um programa de Tarcísio assistencial chamado de "SuperAção" contra a pobreza. Para Thainara, a intenção do governador é ter uma marca a ser apresentada na disputa presidencial do ano que vem. "Na minha concepção, muito bem orientado por um marqueteiro, ele lança o projeto para imprimir uma marca do social no governo dele para que possa, no futuro, fazer um contraponto ao Bolsa Família. Nós (PT) temos a marca do social, o Tarcísio não tem marca. Então, é mais um sinal que ele, sim, irá disputar contra o Lula", avalia a parlamentar.

Veja
https://veja.abril.com.br/coluna/maquiavel/sp-quem-e-thainara-faria-aliada-de-edinho-que-lidera-oposicao-a-tarcisio/