A diretoria do Jockey Club de São Paulo nega que a desapropriação do clube foi debatida durante uma reunião, em 2018, com o então presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, o ex-governador João Dória, o então colega de partido e já ex-governador de Goiás Marconi Perillo, além de secretários municipais e vereadores.
A entidade esclarece que, na época, Perillo sequer mantinha qualquer relação com a entidade. Hoje, o ex-senador é conselheiro da instituição. "Causa estranheza ainda que não se tenha notícia de uma visita do então governador recém-eleito, João Dória, à Câmara Municipal naquele período", argumentou o Jockey, em nota enviada ao UOL.
A coluna de Marco Antonio Sabino, publicada hoje pelo UOL, cita que o encontro na sala de Milton Leite teve o objetivo de discutir o futuro daquela área nobre do bairro de Cidade Jardim, onde está o único hipódromo paulistano, com um dos metros quadrados mais caros de São Paulo.
O plano propunha a alteração do zoneamento para a verticalização da área na ponta sul do terreno oval, onde hoje está o estacionamento e um pequeno bosque de árvores exóticas. Ali seriam construídos apartamentos ou escritórios de alto padrão e talvez até um hotel. Com o dinheiro arrecadado, o Jóquei pagaria a dívida de IPTU com a prefeitura e a construtora seria responsável por viabilizar um parque privado, com acesso público, na área das pistas. As corridas de cavalo poderiam continuar, em dias e horários específicos.
Em nota, o Jockey afirma que há anos busca junto à Prefeitura de São Paulo uma solução justa e transparente para a discussão sobre os valores devidos de IPTU, que, segundo o clube, vêm sendo cobrados sem critérios claros ou respaldo legal adequado.
O Jockey nega que a dívida com a prefeitura passe de um bilhão de reais. "Por duas vezes, o Superior Tribunal de Justiça determinou que o município revise e recalcule os valores cobrados, conforme prevê a legislação vigente", diz.
A coluna apurou que são R$ 145 milhões de débitos com o governo federal e o governo do estado e outros R$ 830 milhões com a prefeitura. Os valores são contestados judicialmente pelo clube.
O clube acusa a prefeitura de descumprir decisões judiciais. "O Jockey lamenta não ter sido procurado para esclarecer esses pontos previamente e que interesses privados estejam distorcendo uma questão essencialmente jurídica. Lamentavelmente, a prefeitura insiste em descumprir tais decisões judiciais, ferindo a ordem legal e perpetuando uma narrativa equivocada de inadimplência. Pelo contrário, submete-se à especulação imobiliária disfarçada de interesse público".
Enquanto isso, o Jockey Club, como importante marco na história paulistana, continua desempenhando suas atividades turfísticas. As corridas seguem ocorrendo regularmente, mantendo viva uma tradição centenária, com significativo impacto cultural, social e econômico.Resposta enviada ao UOL
"Uma anedota não pode ser considerada como prova de um tema tão importante", diz ex-senador
Marconi Perillo, conselheiro do Jockey Club de São Paulo, ex-governador de Goiás e ex-senador, afirmou que "é inverossímil acreditar que o governador eleito de São Paulo cercado de um ex-governador, secretários municipais e vereadores tenham participado de uma reunião na presidência da Câmara Municipal e não haja qualquer registro fotográfico ou na imprensa sobre o assunto. Uma anedota não pode ser considerada como prova de um tema tão importante, que mexe com tantos interesses".
Perillo argumenta que a revitalização do Jockey Club interessa a toda a cidade, pois o hipódromo está localizado em uma área extremamente valorizada. A coluna mostra que foram destinados da prefeitura ao clube R$ 64 milhões entre 2018 e 2024. Se o dinheiro foi ou não aplicado naquilo que prevê a legislação, pouca gente sabe. É o Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura, responsável pela fiscalização, que tem que responder.
"Ao contrário do que insinua o texto, os recursos utilizados para o restauro desse patrimônio paulistano e brasileiro são devidamente auditados e fiscalizados pelas autoridades responsáveis", ressalta Perillo.
"Parque é sonho de todos os paulistanos"
O ex-senador diz ainda que qualificar o local para ser um parque "é um sonho de todos os paulistanos, inclusive nós, que integramos o Jockey". Ele diz que a proposta está sendo inviabilizada pelo poder público há anos, "atendendo a interesses até hoje não devidamente esclarecidos".
Não se trata de "falar grosso", como o texto aponta, diz Perillo. "Queremos o melhor para a cidade, para os paulistanos, para o turfe brasileiro, para o Jockey Cub, para os vizinhos de Cidade Jardim, para tantas pessoas que hoje dependem de nossas atividades que completaram em março 150 anos de história".
O conselheiro do clube defende que é falso o argumento de a área poderia ser desapropriada em troca da dívida de impostos municipais. "Até hoje, apenas três ações da prefeitura por cobrança de dívida do IPTU do Jockey transitaram em julgado. Todas as três foram favoráveis ao Jockey, que não nega a dívida, mas defende que os valores são infinitamente menores do que os cobrados pela municipalidade. Nos faz crer que a cobrança abusiva tenha o objetivo de inviabilizar as atividades do turfe em São Paulo".
Marconi Perillo lista que há muitos projetos para o Jockey, inclusive o de criar ali um parque privado de acesso público. Ele questiona, no entanto, que qual empreendedor arriscará fazer negócios com uma instituição ameaçada a todo momento de ter seu imóvel desapropriado pela prefeitura?
"Curioso que o texto fala que o novo parque seria concedido à iniciativa privada. Ora, se é para usar dinheiro público para desapropriar um imóvel que tem valor de mercado na casa do bilhão de reais e entregar para a iniciativa privada explorar, por que não simplesmente admitir que o projeto do Jockey de fazer ali um parque privado de acesso público é hoje o melhor caminho a ser seguido?", questiona.
De acordo com o conselheiro, o clube tem hoje cerca de 1.600 associados, entre dependentes e titulares, e gera um total de aproximadamente 2.400 empregos diretos e indiretos.
Leia a nota do Jockey Club na íntegra
A diretoria do Jockey Club de São Paulo esclarece que a reunião mencionada na matéria não ocorreu e que, à época, o ex-senador Marconi Perillo sequer mantinha qualquer relação com a entidade. Causa estranheza ainda que não se tenha notícia de uma visita do então governador recém-eleito, João Dória, à Câmara Municipal naquele período.
O Jockey lamenta não ter sido procurado para esclarecer esses pontos previamente e que interesses privados estejam distorcendo uma questão essencialmente jurídica. Há anos, o clube busca junto à Prefeitura uma solução justa e transparente para a discussão sobre os valores devidos de IPTU, que vêm sendo cobrados sem critérios claros ou respaldo legal adequado. Por duas vezes, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que o Município revise e recalcule os valores cobrados, conforme prevê a legislação vigente.
Lamentavelmente, a Prefeitura insiste em descumprir tais decisões judiciais, ferindo a ordem legal e perpetuando uma narrativa equivocada de inadimplência. Pelo contrário, submete-se à especulação imobiliária disfarçada de interesse público.
Enquanto isso, o Jockey Club, como importante marco na história paulistana, continua desempenhando suas atividades turfísticas. As corridas seguem ocorrendo regularmente, mantendo viva uma tradição centenária, com significativo impacto cultural, social e econômico.
Uol
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2025/06/10/posicionamento-sobre-desapropriacao-do-jockey.htm