Presidente conversou com a imprensa em Roma após funeral do papa Francisco e disse que não cumprimentou Trump por 'confusão'
Por Amanda Péchy
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou neste sábado, 26, que embora espere que líderes globais consigam avançar nas negociações para o encerramento da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, "ninguém quer falar de paz". Os comentários à imprensa foram feitos em Roma, na Itália, após ele participar do funeral do papa Francisco.
Assim como o petista, cerca de 50 outros chefes de Estado viajaram para a capital italiana para a cerimônia, entre eles, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tiveram uma conversa na Basílica de São Pedro antes da missa de corpo presente. Durante a homília, o cardeal Giovanni Battista Re, presidente do Colégio Cardinalício, deu um duro recado a líderes mundiais a respeito de guerras, dizendo que Francisco sempre exortou "construir pontes, não muros".
"Eu não sei o que eles conversaram, eu não posso intuir a conversa. Eu acho que o que é importante é que se converse para encontrar uma saída para essa guerra, porque essa guerra está ficando sem explicação. Ou seja, ninguém consegue explicar, e ninguém quer falar em paz", disse Lula.
Trump e Zelensky discutem há meses um acordo de paz na guerra entre Rússia e Ucrânia, e a reunião ocorreu numa semana agitada. Na segunda-feira, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que os Estados Unidos abandonarão a intermediação de um acordo "nos próximos dias" se não houvesse progresso. Dias depois, Trump criticou o presidente da Ucrânia por prolongar "o campo de extermínio", como chamou a guerra, e dificultar negociações. Então, diante do mais mortal ataque russo contra a capital ucraniana, Kiev, em meses, o chefe da Casa Branca enviou um raro recado a Putin, dizendo que "Pare!"
"O Brasil continua teimando que a solução é a gente fazer com que os dois sentem na mesa de negociações e encontrem uma solução, não só pra Ucrânia e para a Rússia, mas também para a violência que Israel comete contra a Faixa de Gaza", prosseguiu o presidente brasileiro.
Lula também afirmou que não conseguiu cumprimentar o presidente Trump. Segundo ele, não foi possível porque estava conversando com sua comitiva sobre a segurança na saída e "estava uma confusão muito grande". O líder americano já deixou Roma à bordo do Air Force One.
Os dois não conversaram desde que o republicano tomou posse, em 20 de janeiro. A relação entre os países, no entanto, está no radar em meio ao tarifaço promovido pelo governo dos Estados Unidos. O Brasil é alvo de uma taxa base de 10%, como a grande maioria dos países do mundo.
Em uma entrevista publicada na sexta-feira 25, Trump afirmou que o Brasil é um dos países que "sobrevivem" e que "ficaram ricos" impondo tarifas sobre as importações americanas.
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