Risco de temporal com novo apagão na sexta em SP preocupa Nunes e Tarcísio

Kennedy Alencar

A previsão do tempo é tão importante quanto pesquisa na campanha de Ricardo Nunes (MDB) à Prefeitura de São Paulo, afirmou o colunista Kennedy Alencar no Análise da Notícia desta quarta-feira (16). Segundo ele, o temporal e o apagão na capital paulista na última sexta acenderam um alerta amarelo na disputa de Nunes à reeleição e no governo do estado.

Por quê? Porque tem que estar mais bem preparado para reagir melhor a um eventual novo apagão. Tem um risco. Se volta a chover forte, com vento forte, mais árvores podem cair. A gente ainda tem árvores no chão, que a Enel [empresa responsável pelo fornecimento de energia em São Paulo] não foi lá tirar a eletrificação, então, não podem ser retiradas. Esse processo está acontecendo, tem uma precarização desse trabalho da Enel. Está muito claro isso pelas apurações todas da imprensa nos últimos dias, revelando como que a empresa reduziu o gasto com manutenção e prevenção.

Então, isso trouxe para a campanha do Ricardo Nunes, que é o prefeito da cidade, uma preocupação maior. Trouxe também para o governador de São Paulo, o Tarcísio de Freitas (Republicanos), que também acaba pagando a conta junto e é aliado do Ricardo Nunes e está numa disputa de segundo turno com o Guilherme Boulos do Psol, apoiado pelo presidente Lula.

Kennedy Alencar, colunista do UOL

Kennedy lembrou que os resultados do temporal viraram um debate político-eleitoral, que vem em boa hora.

Ainda bem que virou um tema político-eleitoral. Por exemplo, as campanhas não estavam falando das enchentes no Rio Grande do Sul, não estavam falando das secas e das queimadas, não estavam falando da emergência climática. Vem esse temporal, vem esse apagão e pela dimensão que ele causou, inclusive pelos danos que causou nas áreas mais ricas, isso ganhou uma indignação muito maior.

Então, é importante que haja um debate político-eleitoral sobre isso, não tem nada de errado. Esse fetiche técnico esconde discussões que são reais. Parece que tudo é técnico. (...) Então, esse debate supostamente técnico, muitas vezes ele causa um dano político e econômico muito pior do que uma discussão aberta e franca do ponto de vista político eleitoral.

Kennedy Alencar, colunista do UOL

Por chamar a atenção da sociedade no momento de decidir quem vai comandar a cidade nos próximos quatro anos, o debate acaba obrigando todas as esferas do governo a se mobilizar.

E é isso o que a prefeitura e o governo do estado estão fazendo agora, mobilizando Defesa Civil, tentando se preparar, se mexendo, porque sabe que pode ter um dano eleitoral a campanha do prefeito que, segundo o último Datafolha estava liderando com uma folga de 22 pontos sobre o Boulos. (...) Prefeitura está mobilizada, o governo do estado está mobilizado (...).

O político tem que estar preocupado com o efeito político e eleitoral, com a popularidade dele, com o que o atinge. E a campanha do Boulos também tem aí uma oportunidade de ver como vai tratar isso. O Lula também teve todo um debate sobre a participação da Aneel, que é uma agência reguladora, papel do Ministério das Minas e Energia para pressionar. A fiscalização, que a gente soube ontem, deveria ter sido feita por um órgão estadual, não foi feito, uma concessão que vai vencer em 2028. Esse debate vai ser travado agora.