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São Paulo lança fundo (FIDC) em meio a processo de reestruturação financeira

São Paulo lança fundo (FIDC) em meio a processo de reestruturação financeira

Fundo irá comprar recebíveis provenientes de negociações envolvendo direitos de transmissão, naming rights e patrocínios

O São Paulo Futebol Clube (SPFC) vai lançar um fundo de investimentos em direitos creditórios (FIDC) como parte do processo de reestruturação financeira do time. O fundo irá comprar recebíveis provenientes de negociações envolvendo direitos de transmissão, direitos de nome (naming rights) e patrocínios, e terá prazo indeterminado.

Como regra do fundo, o São Paulo terá que respeitar determinados limites nos gastos. O dinheiro servirá para reestruturar o endividamento bancário e otimizar as fontes de capital de giro, diminuindo o custo financeiro e aumentando o prazo da dívida, segundo o clube. A operação foi aprovada na última quarta-feira, dia 2, pelo conselho do clube, mas ainda não se sabe quando acontecerá a primeira emissão de cotas.



Rubens Chiri / São Paulo FC

É a segunda vez que o Tricolor Paulista usa o instrumento para se financiar. Em 2019, lançou um fundo baseado em fluxos futuros de caixa derivados de um contrato de transmissão de jogos do Campeonato Brasileiro. O vencimento ocorreu no ano passado.

"O fundo é o instrumento que precisávamos para que o clube possa começar a sanar as dívidas atualmente
existentes e que dificultam e atrapalham o fluxo de caixa, com juros altos e vencimento de curto prazo", contou Julio Casares, presidente do São Paulo.

Segundo o executivo, com o fundo será possível reduzir o custo e preparar o clube para o seu centenário (25 de janeiro de 2030) com uma gestão mais sustentável, o que possibilitará maior capacidade de competir com adversários com mais poder financeiro. "Teremos um choque de gestão e vamos implementar também um comitê orçamentário para acompanhar o fluxo do São Paulo".

A estruturação do FIDC foi feita pela Galapagos Capital, que tem mais de R$ 21 bilhões sob gestão; e OutField, empresa especializada em estratégias e investimentos no esporte. Para Andrea Di Sarno, sócio da Galapagos, a operação acompanha uma tendência de aproximação dos clubes ao mercado de capitais. Na semana passada, o Atlético Mineiro iniciou a primeira oferta de debêntures do futebol da história, de R$ 105 milhões.

O objetivo do fundo do Tricolor é levantar R$ 240 milhões, destinados a quitar dívidas antigas. O balanço do São Paulo de 2023 aponta uma dívida bancária de R$ 217,5 milhões com cinco instituições, sendo R$ 78,6 milhões com o Bradesco, o maior credor. Os empréstimos para capital de giro vencem, em sua maioria, entre 2024 e 2025.

No caso do São Paulo, "os recursos que serão economizados poderão ser investidos em performance esportiva, ou seja, mais tempo e mais dinheiro focados no futebol", afirmou o sócio da Galapagos em comunicado.

"Ao passo que o esporte movimenta mais dinheiro, ele também vem se sofisticando na forma de buscar financiamento. Nos EUA isso já é bastante comum e agora vemos o futebol brasileiro indo pelo mesmo caminho", diz Pedro Oliveira, sócio-fundador da OutField. "É preciso entender que, apesar do significativo aumento nas receitas, o alto endividamento dos clubes é um sinal claro de que é necessário buscar alternativas mais eficazes para a sustentabilidade financeira."

(com informações do jornal Valor e do site UOL)