Presidente Lula e Presidente da Petrobras, Magda Chambriard | Imagem: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Magda Chambriard amplia 'strike' na cúpula da Petrobras para acomodar indicações políticas

Magda Chambriard amplia 'strike' na cúpula da Petrobras para acomodar indicações políticas

Diretoria da companhia delibera por duas novas mudanças nas gerências-executivas e confirma saída de outros nove executivos


Por Malu Gaspar e Johanns Eller

A CEO da Petrobras, Magda Chambriard, promoveu nesta quarta-feira (31) novas trocas nas gerências-executivas da companhia. Uma reunião da cúpula da empresa confirmou a destituição de nove executivos, antecipadas pela equipe do blog no último dia 3, e a saída de outros dois gerentes. O movimento é visto internamente como um esforço para acomodar indicações políticas, em especial do PT do presidente Lula e da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

A Diretoria Executiva da petroleira deliberou pela saída de Suen Marcet, gerente-executivo de Sistemas Submarinos, e Leonardo Maués, da gerência-executiva de Gestão Integrada de Recursos e Projetos, remanescentes da gestão de Jean Paul Prates, demitido por Lula em maio passado. Os substitutos ainda não foram anunciados.

Os cargos de gerente-executivo são estratégicos para a companhia. Além de salários em torno dos R$ 80 mil e de concentrar poderes e orçamentos à frente de vice-presidentes de empresas privadas, alguns deles têm assento no comitê estatutário de investimentos ao lado dos diretores da Petrobras.

A reunião também oficializou a troca em massa de gerentes-executivos desenhada desde o início do mês. Entre as mudanças mais relevantes estão a saída de Marcio Kahn, responsável pelo campo de Búzios, e Ana Zettel, gerente de gestão de parcerias e processos de Exploração e Produção, área que cuida da administração das parcerias da Petrobras com outras empresas, da gerência do portfólio da companhia e da avaliação do desempenho dos campos.

Kahn será substituído por Wagner Victer, ex-secretário de energia do Rio de Janeiro nos governos Anthony Garotinho e Rosinha. Servidor da Petrobras, mas afastado da companhia há pelo menos 24 anos para assumir cargos políticos, ele administrará o maior campo de petróleo em águas profundas do mundo, com capacidade de produzir 560 mil barris de petróleo por dia, o equivalente a 17% da produção nacional.

Aliado de Magda


Mais recentemente, Victer foi diretor da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), entre 2019 e 2023, na gestão do petista André Ceciliano. À frente do cargo, foi responsável por indicar Magda Chambriard para um cargo de assessoria na Alerj. Agora, Magda conta com o aliado para quadruplicar a produção de Búzios para 2 milhões de barris diários até 2028 e diminuir a reinjeção de gás no campo.

Já Ana Zettel dará lugar a Eduardo Costa Pinto, professor da UFRJ e pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), entidade acadêmica ligada à FUP. O cargo é considerado como o "maestro da orquestra" por tomar decisões sobre projetos bilionários e supervisionar os campos. Por esse motivo, Costa Pinto também integrará o comitê de decisões de investimento da Petrobras.

Outra troca relevante, em um cargo que também tem espaço no colegiado de investimentos junto com a diretoria, ocorreu na gerência-executiva de Sistemas de Superfície, Refino, Gás e Energia - responsável pelas licitações para a contratação de projetos de todas as construções de plataformas, obras de refinarias e terminais de gás, algo em torno de US$ 14 bilhões por ano.

O novo gerente-executivo, Flávio Fernando Casa Nova da Motta, substitui Cesar Cunha de Souza. Casa Nova foi gerente-geral de engenharia do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e ex-gerente de empreendimentos da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco - ambos empreendimentos interrompidos em 2015 após as investigações da Lava-Jato apontarem pagamento de propina nos contratos.

Também integram a lista de demissionários os gerentes-executivos de Energia Renovável, Daniel Pedroso, e de Gestão Integrada de Transição Energética, Cristiano Levone. Eles serão substituídos, respectivamente, por Rodrigo Leão, que foi assessor de Jean Paul Prates e presidente da Petrobras Bioenergia, e para o lugar de Levone vai William Nozacki, assessor de Aloizio Mercadante no BNDES.

Como publicamos no blog em junho, as duas indicações foram avalizadas pela FUP. O presidente da federação, Deyvid Bacelar, chegou a pedir publicamente a saída de Pedroso pela sua participação na negociação da venda da refinaria Landulpho Alves, na Bahia, para um fundo soberano dos Emirados Árabes - tratativa que a Petrobras tenta reverter.

Na área de exploração e produção, também foram destituídos o gerente-executivo de Libra, João Jeunon, Francisco Queiroz (Terra e Águas Rasas) e Ricardo Morais (Águas Ultraprofundas).

Na Diretoria Financeira, foi desligada Marina Quinderé, gerente-executiva de Suprimentos e responsável pelas contratações da estatal. Já na Diretoria de Tecnologia e Engenheria, quem está de saída é Mariana Cavassin, gerente-executiva de Implantação de Projetos de Produção.

O Globo
https://oglobo.globo.com/blogs/malu-gaspar/post/2024/07/magda-chambriard-amplia-strike-na-cupula-da-petrobras-para-acomodar-indicacoes-politicas.ghtml