Em uma nova rodada de demissões - ano passado foram 700 funcionários em Blumenau, SC - a Coteminas desativou seu departamento de criação no escritório da companhia na avenida Paulista, em São Paulo. Não se sabe ao certo o número de demitidos, mas ficaram apenas uma gerente e dois ou três vendedores à frente de todo o setor, que durante anos foi destaque desse segmento no país ao desenhar, fabricar e vender suas famosas criações para marcas como Artex e Santista.
Além de Artex e Santista, a Coteminas também detém as marcas MMartan e Casa Moyses, atendendo assim a todos os nichos de mercado para cama, mesa, banho e praia. Todas essas grifes funcionam sob o guarda-chuva da Spring Global, holding criada em 2007 quando a companhia estendeu suas ações para o Hemisfério Norte, a partir de uma associação com a Spring Industries, que fabrica produtos semelhantes nos Estados Unidos e Canadá.
Mesmo com tal associação, o avanço mundial da China na área têxtil dificultou a expansão da Coteminas nos últimos anos, culminando com a demissão de 700 funcionários da unidade fabril de Blumenau (SC), uma das mais antigas da companhia ao lado da planta de Montes Claros, primeira a entrar em operação, em 1975, com fiação e produção de tecidos.
O desmonte do departamento de criação deixa dúvidas agora sobre como se dará, operacionalmente, a associação da Coteminas com a chinesa Shein, anunciada em abril do ano passado, e que previa a produção de vestuário no Brasil com investimento de R$ 750 milhões do e-commerce que é líder do mercado mundial.
Na ocasião, o anúncio foi bastante divulgado pela imprensa pois contou com o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para assinatura de um memorando de contrato de parceria pelo presidente da companhia, Josué Gomes de Silva, também o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), cuja sede está localizada na mesma avenida Paulista, a poucas quadras do escritório da Coteminas.