Imagem: © José Cruz/Agência Brasil
Justiça portuguesa erra e primeiro-ministro de Portugal renuncia por engano

Justiça portuguesa erra e primeiro-ministro de Portugal renuncia por engano

Em uma operação classificada pelo Blog do Noblat e divulgada no site Metropoles, como "Tabajara", a Justiça e o Ministério Público de Portugal reconheceram, no último sábado, dia 11, que houve uma confusão de nomes na denúncia inicialmente direcionada ao primeiro-ministro de Portugal, António Costa.

A acusação foi feita no último dia 7, e levou o primeiro-ministro socialista a imediatamente pedir sua renúncia ao cargo. A crise política foi desencadeada após o MP divulgar escuta telefônica autorizada pela Justiça que envolvia em casos de corrupção o nome de António Costa, que ocupava o cargo há oito anos, tendo vencido duas reeleições consecutivas.
Os promotores disseram que investigavam irregularidades em concessões de duas minas de lítio, um projeto de central de produção de hidrogênio e um projeto de construção de um data center na cidade portuária de Sines, ao sul de Lisboa. Em questão, os crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.

Cerca de 140 agentes policiais revistaram a casa de António Costa, bem como 17 outras propriedades. Cinco pessoas foram detidas: o chefe de gabinete de Costa, Vítor Escária; um consultor de Costa, Diogo Lacerda Machado; o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas; e dois executivos de empresas.

A renúncia de António Costa foi aceita no mesmo dia pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que anunciou a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições legislativas o dia 10 de março do próximo ano.

De acordo com os promotores, suspeitos ouvidos durante as investigações teriam mencionado que António Costa interveio para "desbloquear" supostas operações irregulares. A Procuradoria-Geral da República de Portugal afirmou que António Costa será investigado pelo Superior Tribunal de Justiça.

No sábado, porém, quando o consultor Diogo Lacerda Machado foi interrogado pelos promotores, ficou claro que o Ministério Público se enganou ao transcrever a escuta. Onde se lia na denúncia o nome de António Costa, deveria ler-se António Costa e Silva, que vem a ser o ministro da Economia de Portugal.

Segundo a edição desta terça-feira, dia 14, do jornal português Público, um juiz de Lisboa determinou a liberação dos cinco detidos ao mesmo tempo em que afastou as suspeitas sobre a participação do primeiro-ministro na chamada Operação Influencer. O magistrado também classificou as suspeitas do Ministério Público como "pouco fundamentadas".