Miniusina é composta por 360 placas solares e um conjunto de baterias que foi blindado para suportar as condições climáticas da região
Uma parceria da Usina de Itaipu com o Exército Brasileiro está levando luz para uma comunidade indígena na Amazônia, mostrou nesta segunda-feira, dia 4, reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo. A comunidade indígena Baniwa fica na fronteira do Brasil com a Colômbia, em uma região de difícil acesso cercada por 300 quilômetros de floresta. Lá, não há linhas de transmissão de energia elétrica, e os aparelhos que fornecem luz aos moradores vêm de longe.
PTI-BR de Itaipu, em Foz do Iguaçu
O projeto foi desenvolvido no Parque Tecnológico de Itaipu - instituição financiada pela usina hidrelétrica, com foco em pesquisa. Para levar todos os equipamentos de geração e armazenamento de energia de Foz do Iguaçu até a comunidade indígena, foram necessários 22 dias de viagem, entre asfalto e água.
A miniusina tem 360 placas solares e produz energia suficiente para atender 600 pessoas entre indígenas e militares do Exército, que mantêm uma base no local. Além das placas solares, baterias foram instaladas para garantir o funcionamento da iluminação e de equipamentos à noite e em dias com o tempo fechado. Em Foz do Iguaçu, técnicos do Parque Tecnológico Itaipu adaptaram tecnologias já existentes à realidade amazônica.
Tales Jahn, gestor do centro tecnológico de Itaipu responsável pelo projeto
O desafio era fazer com que o sistema resistisse às condições de calor, chuva e umidade da região. As baterias foram blindadas para evitar o contato com o ambiente. "Com isso, a gente mitigou esse cenário de umidade e de temperatura, trazendo um sistema um pouco mais robusto para a questão amazônica", contou Tales Jahn, gestor do Centro de Gestão Energética do Parque Tecnológico de Itaipu - Brasil (PTI-BR).
Instalações na aldeia indígena Baniwa
O gestor do PTI-BR é responsável, em Itaipu, pelos projetos da instituição no âmbito das energias renováveis e sustentáveis, com destaque para o hidrogênio verde. Nesse projeto amazônico, a junção de energia solar com um sistema de armazenamento em baterias se encaixa no propósito da estruturação da transição energética rumo à descarbonização, preconizada pelo Ministério de Minas e Energia, sendo também uma área que receberá incentivos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Sistema de baterias passando pelos últimos testes
No laboratório do PTI-BR em Foz do Iguaçu, os pesquisadores acompanham, em tempo real, a geração e o consumo da energia armazenada. "A gente já pensou em montar um sistema que trouxesse um pouco mais de conforto para o pessoal que habita a região e até no quesito da proteção do sistema todo. Se, por acaso, o sistema tiver alguma detecção, algum desarme não programado, a gente consegue fazer o monitoramento e o religamento dele daqui também", explica Tales Jahn.
Cacique Sebastião Apolinário, da aldeia Baniwa
O cacique da comunidade Baniwa, Sebastião Apolinário, comemorou a parceria. "Acho que vai melhorar para nós para ter os freezers para colocar a comida, peixe", disse ele à reportagem do Jornal Nacional.
Com energia elétrica 24 horas, também vai ser possível guardar, no posto de saúde local, remédios que precisam de refrigeração. "Temos algumas medicações, por exemplo, o soro antiofídico, que tem ficar resfriado, e agora a gente vai ter a possibilidade de armazenar esse tipo de medicação aqui", revelou Renato Brayner, médico do Exército ouvido pela reportagem do JN.