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O turfe inglês e mundial será sempre grato à rainha Elizabeth 2ª

O turfe inglês e mundial será sempre grato à rainha Elizabeth 2ª

A morte da rainha Elizabeth 2ª, nesta quinta-feira, dia 8, no castelo de Balmoral, na Escócia, privou o Reino Unido de uma líder nacional que viveu 96 anos e, nos últimos 70, participou de alguns dos principais momentos da história da humanidade. Nesse período, ela se engajou no exército inglês, na 2ª Grande Guerra Mundial, como mecânica. E, posteriormente, já entronada rainha, atuou com destaque ao lado de 15 primeiros-ministros e ministras, sendo sempre consultada em momentos delicados da história e da política no pós-guerra.




A lista de atividades de Elizabeth 2ª é extensa. Particularmente, sempre foi uma fã e praticante dos esportes, como o hipismo. Também acompanhava os jogos olímpicos e o futebol. Consta que era torcedora do West Ham, e que depois de conhecer a equipe técnica e alguns jogadores do Arsenal, também ficou fã deste clube. Fato é que, sempre discreta, ela nunca abriu publicamente seu clube de coração.

Com sua paixão declarada por cavalos, Elizabeth montou desde a juventude, inclusive em paradas militares. O que muita gente não sabe é que ela chegou a participar de uma corrida durante o meeting de Ascot. Era uma tradição da família real que alguns de seus integrantes corressem antes do início oficial das competições, e Elizabeth não fugiu ao compromisso.



À frente do haras da família real, o National Stud, foi duas vezes "proprietária do ano", líder em vitórias e prêmios. Mas nunca ganhou um Derby de Epsom, evento ao qual nunca faltava, ao lado do meeting de Royal Ascot. Seu cavalo Aureole, um filho de Hyperion, formou a dupla no Derby para Pinza, em 1953. Um ano depois, ganhou o King George VI and Queen Elizabeth Stakes, prova realizada em homenagem aos pais da rainha.

Elizabeth 2ª também teve duas corredoras clássicas da primeira turma, Highclere e Dunfermline, esta uma ganhadora do Oaks e do St Leger no ano do Jubileu de Prata da rainha. Com Carrozza levou outro Oaks, e com Pall Mall, o 2,000 Guineas. Estimate trouxe para seu stud a vitória na Ascot Gold Cup. Mas ela nunca esqueceu de seu primeiro triunfo nas pistas, com a égua Monaveen.

Ainda na condição de princesa, Elizabeth ganhou com Monaveen na estreia, em 1949; foi numa prova de steeplechase, em que a égua se mostraria muito apta e depois ganharia o Queen Elizabeth Chase, em Hurst Park. Outra corredora que fez parte de sua primeira experiência como proprietária foi Astrakhan, presente de casamento do príncipe Aga Khan, em 1947, e que estreou junto a Monaveen, dois anos depois.



A vida da rainha ao acompanhar seu esporte favorito não se limitava às temporadas de Ascot e Epsom. Em suas viagens, oficiais ou não, sempre aproveitava para conhecer um haras, centro de treinamento ou de monta. Ela tinha um tino especial para escolher seus próprios cavalos ou mesmo reprodutores. Por isso, fez questão de conhecer os campos de criação da Normandia (França) e também do Kentucky (EUA). Em viagem oficial ao Brasil, em 1968, Elizabeth esticou sua estada em São Paulo para conhecer o Posto de Fomento do Jockey Club de São Paulo, acompanhada do então presidente do clube, João Adhemar de Almeida Prado, e do governador do estado, Roberto de Abreu Sodré.



Com uma contribuição inestimável não apenas às corridas inglesas como também a todo o turfe mundial, Elizabeth 2ª deixará saudades no meio esportivo e turfístico, sendo a monarca que mais se dedicou a essa atividade na história do Reino Unido. O chairman da British Horseracing Authority, Joe Saumarez Smith, disse, em nota oficial da entidade:

"As corridas de cavalo têm um incalculável débito de gratidão, não apenas pela dedicação e engajamento de Sua Majestade para com o esporte, mas também pela defesa pública que fazia dele. De alguma forma, a rainha conduziu o turfe de maneira que ele nunca perdesse sua popularidade e atração junto a um grande número de fãs".