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Healthtechs trazem novidades e atraem público mais velho

Healthtechs trazem novidades e atraem público mais velho

Seguidos aumentos dos preços praticados pelas operadoras e o surgimento de novos players no setor têm dado uma chacoalhada no segmento de saúde no Brasil. Disso tem se aproveitado as chamadas healthtechs - startups de atendimento médico-hospitalar -, que abiscoitaram uma boa parcela de usuários, sobretudo idosos, ao prometerem - e cumprirem - com a oferta de planos mais em conta.

Com os reajustes controlados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a situação permanece em relativo controle - alguns planos inclusive reajustaram para baixo suas mensalidades, no final de 2021. Mas existem outras barreiras além do preço das mensalidades, como a cobertura territorial e a dificuldade dos idosos em lidar com tecnologias como a do teleatendimento.

Uma das mais novas do setor é a QSaúde, que usa bastante tecnologia, teleatendimento e aposta na relação do usuário com a figura do "médico de família". Ela oferece planos para os idosos com preço de entrada de R$ 1.118,00. Já na healthtech Alice, o valor inicial do plano para essa categoria é de R$ 2.360,00. Outra recém-chegada ao mercado, a Kipp Saúde, healthtech do grupo Omint, dispõe de planos a partir de R$ 2.856.

Apesar dos avanços em oferecer planos mais acessíveis e com um diferencial em relação as operadoras mais tradicionais, ainda mal dá pra comparar com a situação do público mais jovem. Numa realidade que não é só do Brasil, esse segmento consegue fazer planos a partir de R$ 400,00, que passam a subir de forma mais notória apenas quando o usuário atinge a faixa dos 50 anos.

Um dos planos mais conhecidos por atender os idosos, a Prevent Sênior têm preços iniciais que variam de R$ 1.104,27 a R$ 1.589,90, partindo de enfermaria até chegar ao apartamento privativo. O São Cristóvão Saúde, também bastante usado pelos mais velhos, tem preços a partir de R$ 699,00, só que é restrito à zona leste da capital. Outro bem antigo do setor, o Transmontano, começa a partir de R$ 936,00. Todos os valores consideram a faixa acima de 59 anos.




Todas as empresas do setor precisam seguir as regras da ANS, como atender a cobertura obrigatória da lista da agência e seguir o valor máximo de reajuste para os planos individuais e familiares. Como os planos individuais são regulados pela Agência, o reajuste do plano individual é determinado pelo órgão, enquanto os coletivos não possuem um limite de aumento. Neste ano o reajuste máximo aprovado é de 15,5%.

Uma barreira apontada por usuários, sobretudo os idosos, é o acesso físico. A Alice Saúde tem cobertura em todo Brasil e a Casa Alice, a clínica da operadora, fica em São Paulo. A QSaúde e a Kipp têm cobertura em São Paulo e municípios próximos, como Osasco, Guarulhos e ABC Paulista - dependendo do plano contratado. O São Cristovão tem sua base na Mooca, zona leste paulista, e só atende ali.

Já a Prevent Senior, que começou na capital de São Paulo, estendeu seu atendimento para Santos, ABC e já chegou ao Rio de Janeiro e Paraná. O plano também trabalha com terceirizados, desde atendimento médico, laboratorial até internações. Mas o seu forte é a prevenção e a verticalização, pois construiu, ao longo dos últimos 10 anos, uma rede de hospitais e pronto-socorro próprios.

Nem todos os novos planos possuem uma rede própria de porte, mas também procuram seguir a filosofia de prevenção a doenças dos pacientes para diminuir os custos operacionais. É fato consumado para o setor que, quando atua só na assistência, tende a ter seus custos aumentados. É uma proposta que tem dado resultado por tornar a saúde mais acessível, por isso agrada aos usuários, que se utilizam bastante das redes próprias ou conveniadas para usufruir de um rol bem completo de exames oferecidos na prevenção.

Com esse aumento de oferta, surge na cabeça dos consumidores a dúvida de como saber diferenciar o que as healthtechs oferecem de fato. Algumas vendem planos de saúde. Outras apenas oferecem consultas - presenciais ou online - e exames a preços mais baixos, mas não têm uma estrutura hospitalar para pronto-atendimento ou internações. Isso é um cuidado que o consumidor precisa ter na hora de fechar com uma delas.

Levantamento da Liga Ventures em parceria com a PwC Brasil, divulgado pela newsletter Noomis, da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), mostra que o número de healthtechs cresceu 16,11% entre 2019 e 2022 no Brasil.

De acordo com o Startup Scanner, base de startups brasileiras, entre março de 2021 e março de 2022, 191 empresas foram adicionadas ao sistema, enquanto 199 foram fechadas, mostrando, nesse caso, que um negócio promissor também oferece barreiras para muitos que acabam não conseguindo se consolidar no mercado.

A pesquisa foi realizada com 596 healthtechs de 35 categorias, como oncologia, nutrição, planos e financiamento, autismo, bem-estar físico e mental, inteligência de dados e saúde no trabalho. A maior parte ativa são empresas de planos e financiamento (8,31%), seguida por gestão de processos (7,81%) e exames e diagnósticos (6,80%).