"Effie Gray - Uma Paixão Reprimida"- "Effie Gray", Reino Unido, 2014 Direção: Richard Laxton, Netflix |
''Effie Gray'', uma Paixão Reprimida, por Eleonora Rosset

''Effie Gray'', uma Paixão Reprimida, por Eleonora Rosset

Effie Gray (Dakota Fanning, ótima atriz), uma menina bonita de 12 anos, conheceu seu futuro marido, John Ruskin, rico e dez anos mais velho que ela, quando ele veio visitar a casa fria onde ela morava com mais seis irmãos na Escócia. O avô dele tinha se enforcado lá.

Um mau augúrio para o relacionamento dos dois. E um toque de sadismo no neto.

John Ruskin (Greg Wise) tornou-se um aclamado crítico de arte da era vitoriana, escritor e professor. E, para o seu "anjo", como ele a chamava, escreveu um conto de fadas bem estranho. Um rei anão era a figura principal.

Vemos o casal, ela ainda uma menina, frente a uma estátua de uma ninfa que, para evitar os avanços de Apolo, transforma-se em uma árvore. Mal sabia ela que iriam viver os papéis opostos aos da estátua durante o casamento deles que durou seis anos.

A produção de arte recria a era vitoriana em detalhes e mostra Veneza bela e romântica e a Escócia sob eterna chuva, montanhas e lagos grandiosos. E é em sua terra natal que Effie vai entender que precisa do divórcio.

Muito foi dito e escrito sobre o comportamento de John Ruskin. A história deu o que falar. Mas Effie conseguiu a anulação do casamento com base na impotência do marido e o fato de que ainda era virgem.

Quem ajudou Effie a ganhar a liberdade foi Lady Eastlake, interpretada por Emma Thompson, que também escreveu o roteiro do filme baseado no fato real. Effie conseguiu o divórcio e se casou com o pintor John Everret Millais, protegido de Ruskin. E tiveram oito filhos.

Quanto a Ruskin nunca se casou. As hipóteses mais diversas foram comentadas. Seria ele gay? Na Inglaterra vitoriana esse era um comportamento proibido para um "gentleman". Ou pedófilo? Numa carta ele declarou gostar só de meninas entre 12 e 16 anos. Outros ainda achavam que o repugnava os pelos pubianos e até o sangue menstrual da mulher.

Nada disso foi confirmado. O que importa é que, em plena era vitoriana, uma mulher se revolte e peça a anulação de um casamento que a humilhava e a impedia de ter filhos.

Effie fez valer os seus direitos. Brava!

( O trailer está no meu blog : www.eleonorarosset.com.br )