''Top Gun: Maverick'': recordes de bilheteria e polêmica na política

Para os grandes estúdios de Hollywood, ainda é negócio fazer filmes com o veterano Tom Cruise? A resposta é sim. O astro consagrado de filmes como Top Gun (1986), Missão Impossível, O Último Samurai e Nascido em 4 de Julho, entre outros sucessos, acaba de dar prova disso com a segunda versão de "Top Gun: Maverick".

O filme lançado mundialmente pela Paramount no final da semana passada, inclusive nos cinemas brasileiros, custou cerca de US$ 150 milhões e praticamente retornou o investimento no primeiro dia de exibição, com faturamento de US$ 142 milhões, totalizando US$ 275 milhões em quatro dias nas telas. A produtora aproveitou o final de semana do Memorial Day, data em que os americanos mostram-se mais sensíveis a temas militares e suas perdas em campos de batalhas, para dar início ao seu novo projeto.

O movimento está sendo considerado recorde na história cinematográfica de Hollywood, se bem que os Estúdios Disney afirmem que "Piratas do Caribe - No Fim do Mundo", tenha faturado US$ 153 milhões em seu primeiro dia de exibição, mas sem convencer os críticos de cinema.

Mas há uma outra diferença que também está dando o que falar na indústria do cinema e fora dela. Se antes astros como James Bond e o próprio capitão Pete "Maverick" Mitchell, de Top Gun, se envolviam na Guerra Fria com a União Soviética, desta vez a polêmica é bem atual e se dá com a China. Tudo porque o personagem de Cruise veste, logo no início do filme, uma jaqueta com a bandeira de Taiwan, algo que irritou profundamente o governo de Pequim, que vê e reivindica a ilha como parte de seu território.

O presidente de Taiwan Tsai Ing-wen afirma que Taiwan é uma nação independente de fato e que precisa de reconhecimento internacional mais amplo, posição que bate de frente com a do líder da poderosa China Continental, Xi Jinping.

Durante exibição em Taiwan, o público comemorou ao ver a bandeira estampada na jaqueta de Tom Cruise, e aplaudiu várias vezes ao longo do filme, de acordo com relatos da mídia local. Por isso, o filme não deve ser lançado na China.

A polêmica bandeira em questão estava faltando ou não pôde ser vista corretamente na jaqueta do protagonista, em um trailer do filme divulgado em 2019, o que levou algumas pessoas a se perguntarem se ela havia sido removida para atender às demandas dos censores chineses. Mas quando o filme finalizado chegou aos cinemas, os espectadores notaram que a bandeira de Taiwan estava lá, assim como a do Japão - outro país que tem uma relação histórica de conflitos com a China.

A decisão de manter a bandeira na jaqueta usada pelo protagonista Capitão Pete "Maverick" Mitchell sugere que os mandatários de Hollywood podem estar virando uma nova página quando se trata de censura chinesa. Isso porque Hollywood tem uma longa tradição de ceder à pressão dos censores chineses, removendo imagens e diálogos de cenas que podem ser consideradas ofensivas em uma sociedade conservadora e controlada, dentro de um esforço para não perder um mercado com grande potencial de público.

A gigante de tecnologia chinesa Tencent retirou-se da produção da Paramount Pictures, devido a preocupações de que essa ligação da empresa com um filme que celebra os militares dos EUA poderia irritar Pequim, informou o Wall Street Journal. No que, tudo indica, acertou no prognóstico. A empresa não se posicionou junto ao jornal.