Grande Prêmio São Paulo Rede Globo 2010, vitória de Sal Grosso - Foto: Divulgação | Imagem: Divulgação JCSP
GP São Paulo, uma disputa que procura reviver as glorias do passado

GP São Paulo, uma disputa que procura reviver as glorias do passado

O Jockey Club de São Paulo teve seus melhores momentos até o final dos anos de 1980. Depois veio um período de decadência só interrompido a partir de 2005, com a intervenção de uma nova diretoria. Agora, o desafio é recuperar uma atividade que não depende apenas do sucesso do grande prêmio de hoje




O Grande Prêmio São Paulo (G.1) marca, neste domingo, dia 15, a disputa da 98ª edição da prova mais importante do turfe paulista. Um conjunto de 14 competidores vai alinhar na seta dos 2.400 metros, na pista de grama de Cidade Jardim, com dotação de R$ 60 mil. O provável favorito é Osprey, que vem da Gávea, treinado por Luis Esteves e montado por Waldomiro Blandi, mas que está longe de representar uma "barbada".

Entre os principais adversários de Osprey está Head Office, que tentará o bicampeonato no GP São Paulo sob a conduta do jóquei recordista mundial de vitórias, Jorge Ricardo. Também levam as preferências dos apostadores Olivia do Iguassu, King Four, Lorde Vick, Roxoterra, Atomic Heights, Oberyn e Don Cambay, mostrando que o campo da prova está "em aberto". Completam a relação Olympic Linkedin, Nautilus, Príncipe Daniel, He's Gold e Pablito Powder.


Head Office, vencedor do GP São Paulo em 2021 - Foto: Divulgação JCSP

Perto de atinjir seu centenário, a prova mais importante do turfe paulista já viu dias melhores, sendo por muitos anos considerada a maior de todo o país. O GP foi criado ainda no velho prado da Mooca, depois veio para Cidade Jardim com a mudança do hipódromo, inaugurado em 1941, e viveu seus momentos de gloria entre as décadas de 50 e 80, quando craques locais enfrentavam campeões vindos da Argentina, Chile e Uruguai.

Nos flashbacks dos turfistas veteranos estão vitórias como as do argentino Gualicho, bicampeão em 1952/53; e de Adil, tricampeão em 1955/56/57. Já nas décadas de 1960 e 70, brilharam Farwell, Maanin, Viziane, Figuron, entre outros ganhadores, sempre recepcionados por um hipódromo cheio, com um público que chegava para ver as corridas em seus próprios carros, de taxi ou pelo famoso tróleibus que cruzava a rua Augusta, vindo do Centro.

A história continuou coroando cavalos e também as éguas, como Dulce, Jocosa, Garbosa Bruleur e Donética. Já eram os anos de 1980 quando o Hipódromo Paulistano, ainda lotado, foi palco das vitórias de Cisplatine e Bretagne, Dark Brown e Big Lark. Não eram apenas os cavalos as atrações. Grandes jóqueis como Albênzio Barroso, Luis Rigoni, Gabriel Meneses e Antonio Bolino tinham até suas legiões de fãs. Barroso, sem dúvida o mais famoso, era um astro do esporte, sendo convidado inclusive para programas esportivos e propagandas na televisão.

Já em fins da década de 80 o turfe brasileiro, e não só o paulista, começou a sentir o peso da idade. Sem se requalificar como esporte, sem dar conta da necessidade de desenvolver o entretenimento ao lado das corridas, os hipódromos envelheceram, e o público também. Em meados dos anos 2000, cercado por dívidas, falta de público e de bons cavalos, o Jockey Club de São Paulo reencontrou o caminho do desenvolvimento com a chegada de uma nova diretoria.

Entre 2005 e início de 2011, o clube passou por um período de oxigenação: dívidas imediatas foram sanadas, salários e débitos trabalhistas foram quitados, as instalações do hipódromo passaram por recuperação, cavalos do Rio e até de outros países vieram participar dos grandes prêmios com mais assiduidade; além de eventos de entretenimento que foram realizados para trazer o público mais jovem.


Arquibancadas lotadas no GP São Paulo de 2007

Foram duas gestões tendo à frente o empresário Márcio Toledo, que resgatou para São Paulo o Clássico Associação Sul-Americana de Jockey Clubs, realizado em 2009 com uma bolsa de R$ 300 mil, além de ter promovido três edições do GP São Paulo com apoio da Rede Globo e uma edição com a Rede Bandeirantes. Entre os eventos, basta lembrar que o hoje consagrado Lollapalooza nasceu a partir de um show do rapper Eminem realizado no final de 2009, na área central do hipódromo.


Disputa emocionante entre Quick Road e L'Amico Steve no
Grande Prêmio São Paulo 70 anos Bandeirantes, em 2007

Uma nova mudança de diretoria, a partir de 2011, jogou novamente o Jockey Club no ostracismo, período em que a entidade se desfez de bens como o sede da rua Boa Vista, no Centro; e a Chácara do Ferreira, entregue à Prefeitura em uma negociação não finalizada até hoje.



A partir de 2017, assumiu a presidência do Conselho de Administração o empresário Benjamim Steinbruch, que herdou um clube em difícil situação financeira e que, tenta, até hoje, sua recuperação. A realização do GP São Paulo deste domingo sem dúvida é mais uma tentativa de promover uma festa para atrair velhos e novos turfistas. Para que isso aconteça, entretanto, é necessário um trabalho bem mais amplo e constante, abrangendo a administração do clube, seu corpo associativo, a iniciativa privada e os poderes públicos.