''Coda: No Ritmo do Coração'', um filme que merece ser visto, por Eleonora Rosset

''Coda: No Ritmo do Coração'', um filme que merece ser visto, por Eleonora Rosset

A princípio, você pode ter a impressão de que já viu esse filme. E pode ser que tenha visto "A Família Bélier", filme francês de 2014, do qual a jovem diretora e roteirista americana Siân Heder, 44 anos, fez um remake.

Mas aqui a família Rossi não tem uma fazenda, tem um barco. São pescadores há muitas gerações. E são surdos. Todos menos a caçula de 17 anos, Ruby (Emilia Jones), que ouve bem e trabalha como intérprete de tempo integral para a família.

Ela é essencial no barco pesqueiro, já que as leis proíbem a surdos, sem intérprete, de exercer essa profissão. Há perigos no mar e o rádio, peça essencial de comunicação com a terra e outros barcos, é obrigatório. Então, Ruby tem que acordar todo dia às 3 horas da manhã para ir com o pai (Troy Kotsur) e o irmão (Daniel Durant) para o mar.

Acontece que Ruby não vai bem na escola. Claro, porque acorda muito cedo e dorme nas aulas. Praticamente não está presente como querem os professores. Mas quando ela decide entrar no coral da escola, descobrem que ela canta qual um rouxinol. Nem ela mesma levava em conta o quanto sua voz era bela, afinada e rara. Ruby só sabia que cantar era sua paixão.

O professor Villalobos (Eugenio Derbez) se dá conta da joia preciosa que ele tem em seu coral e se oferece para dar aulas grátis para que Ruby possa fazer o teste de audição para entrar em Berkeley.

Mas como explicar para seus pais o que é cantar? Eles não entendem. E como sempre contaram com Ruby para a ajuda essencial como intérprete, não viam o porquê dela querer ir para a faculdade e deixá-los.

Egoísmo? Pode ser e é até compreensível. Quando uma cena muda acontece, levamos um choque ao experimentar o que é a surdez.

Mas os atores ótimos, Troy Kotsur, o pai, Marlee Matlin a mãe, atriz surda na vida real, o professor do coral, todos fazem com que a história dessa família toque o nosso coração. Torcemos por Ruby mas entendemos o sofrimento de sua família.

Em tempo, "Coda" é a abreviatura para "criança filha de pais surdos".

O filme estreou no Festival de Sundance em 2021 e empolgou a plateia, levando vários prêmios. No SAG AWARDS, do sindicato dos atores, ganhou o prêmio principal. Teve três indicações para o Oscar de melhor filme, melhor ator coadjuvante para Troy Kotsur e melhor roteiro adaptado.

Esse é um daqueles filmes que nos fazem ver a vida com mais otimismo. Indispensável nos momentos difíceis em que vivemos.

(O trailer está no meu blog: www.eleonorarosset.com.br )