Como em Atlântida, um continente embaixo d'água

Como em Atlântida, um continente embaixo d'água

Estiagens cada vez maiores, crises hídricas, aquecimento global, derretimento da calota polar nos continentes gelados como Ártico e Antártida. Tudo isso causa um aumento do nível dos mares, que os cientistas em todo o mundo avisam que continuará por décadas. O resultado prático dessa ação deletéria do tempo e do homem pode ser igual ao do desaparecimento de Atlântida, o oitavo continente, submergido nas águas pela fúria de Zeus, o deus grego, segundo reza a lenda.




Um recente estudo da Climate Central, organização norte-americana não governamental de pesquisa científica e jornalística de Princeton, New Jersey, mostra que cerca de 50 das maiores cidades costeiras do planeta vão precisar de uma adaptação nunca vista para prevenir que elevações do nível do mar possam varrer suas populações do mapa.

A análise, divulgada pela CNN, foi feita em colaboração com pesquisadores da Universidade de Princeton (EUA) e do Instituto Postdam para Pesquisas de Impacto do Clima, da Alemanha. O que mais impressiona na divulgação dos resultados desse trabalho é o contraste visual entre as paisagens que conhecemos hoje e o que poderá vir no futuro, se o planeta aquecer três graus Celsius a mais do que eles intitulam de "níveis pré-industriais".



Os cientistas envolvidos na pesquisa afirmam que o mundo já está 1,2 grau acima dos níveis pré-industriais, quando o certo é que a temperatura estivesse 1,5 grau abaixo, levando-os a taxar o cenário como crítico em direção aos mais severos impactos na crise climática mundial. Mesmo que - prosseguem esses estudiosos - as emissões de gás continuem declinando até a taxa zero por volta de 2050, a temperatura global ainda estará em torno de 1,2 grau mais alta do que deveria. Já em cenários mais pessimistas, em que as emissões continuem subindo até 2050, o planeta poderá atingir a temida alta de três graus Celsius por volta de 2060 ou 2070, quando então os oceanos alcançariam o volume que levaria às inundações das cidades costeiras.

O estudo aponta também as áreas mais vulneráveis. Pequenas nações ou estados localizados em ilhas na região asiática podem colocar em risco a segurança de cerca de 600 milhões de pessoas, segundo a pesquisa da Climate Central. China, Índia, Vietnã e Indonésia estão entre os quatro países mais vulneráveis diante de um aumento do nível dos mares.



Para não atingir os cenários mais pessimistas apontados pela pesquisa e buscar a redução da emissão de poluentes, as grandes potencias discutem saídas em fóruns organizados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em setembro, o jornal Nature apontou que cerca de 60% das reservas mundiais de óleo e gás natural e 90% das reservas de carvão deveriam permanecer no solo para limitar o aumento da temperatura em 1,5% até 2050. Na Assembleia Geral da ONU, em setembro, a China avisou que começaria a barrar novos projetos de construção de usinas de carvão - anúncio que causou convulsões imediatas nas bolsas de valores em todo o mundo, visto o alcance que qualquer decisão da economia chinesa tem hoje na economia mundial.

A pesquisa traz algumas simulações impressionantes de cidades costeiras hoje e, no futuro, tomadas pelas águas do mar. E não só em localidades do continente asiático, mas também na Europa, América do Norte e América Central.