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Pane em aplicativos resgata uso do ''velho'' e-mail e dos sites

Pane em aplicativos resgata uso do ''velho'' e-mail e dos sites

A pane no Facebook, Instagram e WhatsApp na última segunda-feira, dia 4/10, ainda repercute no mundo da tecnologia e dos negócios. Com esses aplicativos fora do ar durante seis horas, muitas empresas ao redor do planeta perderam suas comunicações e, consequentemente, vendas. Pequenos empreendedores, que costumam receber pedidos pelo WhatsApp, ficaram literalmente rendidos no início da semana. Além de tráfego de informações, o aplicativo de mensageria também começou a ser usado há poucos meses para transferência de dinheiro, nos moldes do PayPal, Pic Pay e PagSeguro, entre outros concorrentes mundiais.

Nesse cenário, aumentou significativamente o uso e o número de adeptos do russo Telegram, assim como muitos comerciantes retomaram o uso do "velho" e-mail, que andava meio esquecido. O Linkedin, mais usado pelo mundo corporativo, teve bastante acionada sua troca de mensagens, que não caiu durante a segunda.

Outra ferramenta resgatada foi a utilização dos sites das empresas, que muitos empreendedores abriram mão nos últimos anos por causa dos custos de manutenção e hospedagem. Na pane de segunda, os telefones - fixo e celular - também foram muito acionados para que os comerciantes não perdessem vendas e conduzissem as entregas.

O Telegram, aplicativo criado na Rússia, ganhou mais de 70 milhões de novos usuários com a parada dos demais App. A informação foi prestada pelo seu fundador, Pavel Durov, que aproveitou para alfinetar os concorrentes. "Aos novos usuários, gostaria de dizer 'bem-vindos ao Telegram, a maior plataforma de mensagens independente. Não vamos te decepcionar quando os outros falharem", disse "Estamos anos-luz à frente da concorrência".


Aos novos usuários, gostaria de dizer 'bem-vindos ao Telegram, a maior plataforma de mensagens independente. Não vamos te decepcionar quando os outros falharem", disse "Estamos anos-luz à frente da concorrência"

Pavel Durov - fundador do Telegram

Maior concorrente do WhatsApp, o Telegram tem um modelo diverso de funcionamento. Por exemplo, não apresenta limites de pessoas por grupo, enquanto o concorrente autoriza no máximo 256 pessoas. O modelo de negócios da plataforma permite anúncios em canais com muita audiência, que podem ser publicados como conteúdos regulares.

Pelo lado do Facebook, seu fundador Mark Zuckerberg, tem passado uma semana bastante conturbada. Primeiro, procurando dar explicações para a queda dos serviços do grupo. Segundo, defendendo-se das acusações feitas por uma ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen. Em depoimento ao Senado norte-americano, ela fez afirmações de que a companhia só visa o lucro e que suas redes prejudicam adolescentes, jovens e, principalmente, as meninas, fazendo-as se sentirem piores sobre si mesmas.

Segundo a engenheira e ex-gerente de produtos, que além do Senado, deu entrevista para o programa "60 Minutes", da rede CBS News, o Facebook sabia dos danos que causava, mas colocava seus próprios interesses em primeiro lugar. "Eu vi muitas redes sociais, e no Facebook era substancialmente pior do que eu tinha visto antes; mostrou repetidas vezes que prefere o lucro à segurança".

"Eu vi muitas redes sociais, e no Facebook era substancialmente pior do que eu tinha visto antes; mostrou repetidas vezes que prefere o lucro à segurança"


Frances Haugen
- ex-funcionária do Facebook

O episódio de segunda-feira serviu também para especialistas do setor mostrarem preocupação com a dependência de pessoas e empresas em relação ao funcionamento dessas plataformas em escala global. O desmembramento desses aplicativos, que hoje pertencem a um só grupo, e a regulação das Big Techs, são discussões que já vinham sendo feitas e agora ganham novo impulso. Um dos casos citados como exemplo é o da AT&T, gigante de telecomunicações dos anos de 1970 e 80 que foi desmembrada porque detinha o monopólio de telefonia nos Estados Unidos.