''Kate'', um filme de ação que emociona. Por Eleonora Rosset

''Kate'', um filme de ação que emociona. Por Eleonora Rosset

Mesmo quem não gosta de filmes de ação vai se emocionar com cenas de "Kate", porque o filme tem um toque a mais. Explico.

Ela (Mary Elizabeth Winstead), corpo perfeito, alta, longos cabelos escuros, é uma gata quando tem que pular e correr e uma serpente quando tem que atingir a vítima. Órfã, desde pequena foi treinada por V (Woody Harrelson) a usar as mais diversas armas tanto para o tiro fatal, quanto para atirar antes de qualquer outro atacante.

Mas chega um momento na vida de Kate que ela quer se aposentar. Quer outra vida. Mas promete a V que vai cumprir até o fim sua última missão.

E acontece então uma surpresa infeliz. Uma menina grita por socorro ao lado do pai morto pelo tiro certeiro de Kate.

"- Você prometeu que não haveria crianças..." diz para V.

"- Eu também não sabia. Foi um dano colateral " responde ele.

Começa aí o fim da Kate que nunca erra o alvo e que convive com um homem frio, que pretende ser seu pai, sua mãe e seu melhor amigo. Mas o que ela é para ele? Kate descobre ser um instrumento que realiza os fins desejados por V. É muito pouco.

Ela percebe que sua carência afetiva aumenta cada vez mais e nem as transas com homens que ela encontra por aí não estão dando conta. Na noite anterior à missão final ela, num belo e simples vestido branco, seduz o barman do hotel e vão para o quarto levando a garrafa de Margaux que ela bebia.

Na manhã, dispensa o cara e só pensa no que vai ter que fazer naquela noite. "Boom Boom Lemon" seu refrigerante preferido, a ajuda a estar pronta. Ela tem coisas de criança.

À noite, nos telhados de Tóquio, sua silhueta ágil contra os edifícios iluminados com neon e projeções coloridas em suas fachadas, ela mira o alvo. Mas algo estranho acontece e ela perde a força e a visão se turva. Erra o alvo.

E quem aparece para ajudá-la é uma outra órfã, como ela. Carente e divertida. A menina Ani (Miku Patricia Martineau) vai por algumas horas ser a filha que Kate não teve e mesmo uma mãe, quando os papéis se trocam e Kate dorme apoiada em seu ombro.

Lógico que o filme encaixa essas cenas de afeto sem se esquecer do ritmo frenético das perseguições, nem dos tiros em ambientes que se estraçalham e não fica ninguém para contar a história, além de Ani, protegida por Kate.

À maneira de outras heroínas como Sigourney Weaver em "Allien", Charlize Theron em "Atômica", Scarlett Johansson em "Lucy" e Uma Thurman em "Kill Bill", Kate enfrenta homens perigosos. Com uma diferença.

Kate mostra sua fragilidade, comum a todos nós. Não somos imortais.

"Kate", dirigido pelo artista francês dos efeitos especiais, Cedric Nicolas-Troyan, é um filme de ação que vai um pouco além dos outros. Tocante.

(O trailer está no meu blog  www.eleonorarosset.com.br )