Imagem: Arquivo do educador
Centenário de Paulo Freire, um educador mais atual do que nunca

Centenário de Paulo Freire, um educador mais atual do que nunca

Na semana em que o seminário "Novos Rumos para o Brasil" (prossegue hoje às 18h30) discutiu desigualdade social, democracia e educação, foi comemorado o centenário do educador pernambucano Paulo Freire.

Para pesquisadores que estiveram reunidos em outro debate, "Paulo Freire no século XXI", mais de 50 anos depois da publicação de "Pedagogia do Oprimido", obra mais conhecida de sua bibliografia, os pensamentos do autor continuam muito relevantes neste momento e ainda serão no pós-pandemia. Seu método, segundo eles, incomoda porque faz com que as pessoas reflitam sobre a própria cidadania, que está na gênese da educação.




"Após uma pandemia que assolou a o planeta, talvez a gente precise de mais humanidade. Acredito que precisamos muito mais de Paulo Freire agora do que se imaginava. É necessário colocá-lo no espaço devido de um humanista e educador. Uma pessoa que entendeu que primeiro a gente precisa comer e não passar fome, para depois conseguir estudar", explicou a diretora executiva da Vozes da Educação, Carolina Campos, ao jornal Valor.

Ela lembrou do trabalho de alfabetização de jovens e adultos realizado por Freire na cidade de Angicos (RN), quando os alunos foram alfabetizados em 40 horas. "Eles passaram a entender quanto media o lote onde moravam, quanto custavam as verduras, quanto podiam gastar em relação ao que recebiam, o valor do salário", exemplificou.

Paulo Freire, que morreu em 1997, também foi homenageado na Câmara dos Deputados. Na sexta-feira, dia 17, legisladores debateram a obra e a vida do educador. Proposto pela deputada federal Marília Arraes, pernambucana como Freire, o evento contou com as participações das deputadas Luiza Erundina e Lídice da Mata, mais o deputado Danilo Cabral.

"Diante de tantos ataques contra o pensamento freiriano e do centenário de Paulo Freire comemorado em setembro... não podemos deixar que toda construção realizada por ele seja diminuída por um governo que não acredita na transformação social", disse Marília Arraes à revista Veja.

As preocupações da deputada, neta do ex-governador Miguel Arraes, tem sua razão de ser. Neste domingo, dia 19, o deputado federal Eduardo Bolsonaro criou mais uma de suas polêmicas ao criticar o Google pela divulgação de um doodle (alteração temporária do logo para celebrar algum fato ou personalidade) da figura de Paulo Freire, nascido no mesmo dia, em 1921.

"Em datas como Natal e Páscoa, o Google se recusa a mudar a logo para homenagear Jesus Cristo. Mas, mudam para enaltecer o comunista responsável pela destruição da educação no Brasil. A guerra não é só política e cultural, é também espiritual", escreveu o filho do presidente Jair Bolsonaro em suas redes sociais.