Imagem: Foto: © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
34° Bienal de São Paulo e as lembranças da ditadura

34° Bienal de São Paulo e as lembranças da ditadura

Com mais de mil trabalhos de 91 artistas, a 34° Bienal de São Paulo abre neste sábado uma das exposições mais importantes do mundo das artes. O título da mostra escolhido para este ano é "Faz Escuro Mas eu Canto", um resgate do verso do poeta Thiago de Mello escrito em 1965 em oposição à ditadura militar imposta um ano antes à nação brasileira.

A proposta da Bienal esse ano é exatamente a de discutir, relembrar, as ameaças que sempre rondaram o país e o mundo das artes. Ameaças à democracia, com desfile de tanques nas ruas, podem ser vistas em uma obra antiga da artista Regina Silveira, com sombras distorcidas produzidas por tanques ou políticos em conchavos suspeitos.

Outras obras exibidas em exposições anteriores também foram resgatadas para esta edição. Trabalhos como os de Carmela Gross, apresentados em 1969, na Bienal do Boicote, como Presunto e A Carga - instalações que trazem à tona os muitos ocultamentos proporcionados pelo regime militar de 1964. Essa perspectiva histórica foi buscada no resgate de obras como as de Regina Silveira e Carmela Gross, pelos responsáveis pela mostra, o curador-geral Jacopo Crivelli Visconti; Paulo Miyada (curador-adjunto); Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi e Ruth Estévez (curadores convidados).

Além das peças de arte, a Bienal exibe 14 "enunciados", instalações para contar história com a ajuda de objetos diversos. Cada um desses enunciados é acompanhado de uma carta, que explica a relação entre o que é exposto, e convida os visitantes a conectá-los de diversas formas. O primeiro desses enunciados é composto por três objetos de propriedade do Museu Nacional, entre eles o meteorito Santa Luzia - segundo maior objeto espacial conhecido no Brasil -, que sobreviveu ileso após o incêndio que destruiu parte do museu, em 2018.

As visitas à 34° Bienal de São Paulo não necessitam de agendamento prévio, mas é obrigatório o uso de máscaras e a apresentação de um comprovante de vacinação contra Covid-19, com pelo menos uma dose, para entrada no pavilhão do Ibirapuera. A mostra vai de 4 de setembro até 5 de dezembro deste ano, com entrada gratuita. Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Portão 3, Parque Ibirapuera, SP.