Depois de Paulo José e Tarcísio Meira, as artes cênicas brasileiras perderam mais um ícone da época de ouro do teatro. O santista Sergio Mamberti, de 82 anos, morreu na madrugada desta sexta-feira, em um hospital da rede Prevent Senior, onde estava internado para tratar uma infecção nos pulmões.

Devido a esse problema, agravado por alterações da pressão e uma disfunção renal, Mamberti passou os últimos meses entre idas e vindas ao hospital. Durante esse tempo, no entanto, sempre trabalhou em casa, pensando em novos projetos como um longa-metragem e um documentário sobre sua carreira, além de uma série para a internet resgatando seu famoso personagem doutor Victor, do Castelo Rá-Tim-Bum.

Na TV, teve papéis de destaque como o mordomo Eugênio, na novela Vale Tudo, um dos suspeitos de matar a famosa personagem Odete Roitmann, interpretada por Beatriz Segal. Na série infantil Castelo Rá-Tim-Bum, viveu o doutor Vitor, sucesso da TV Cultura nos anos de 1990. Seu último personagem exibido nas telas foi o carrasco Dionísio, na novela Flor do Caribe, reprisada pela Rede Globo no início deste ano, no período de pandemia.

No teatro, não foi apenas ator, mas também realizou montagens como O Balcão, do francês Jean Genet, uma releitura do ano de 1968 que remetia diretamente ao que acontecia durante o Regime Militar; e a peça Reveillon, que conquistou o Prêmio Molière de melhor ator em 1975. Nessa fase, trabalhou muito com seu irmão, o também ator Cláudio Mamberti, já falecido.

Sergio Mamberti sempre teve uma atuação na política, ao lado das artes. Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), ocupou diversos cargos no Ministério da Cultura durante o governo Lula. Foi secretário de Música e Artes Cênicas, secretário de Identidade e da Diversidade Cultural, Presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e secretário de Políticas Culturais.

O ator foi casado entre 1964 e 1980 com Vivien Mahr, com quem teve três filhos: Duda, Carlos e Fabrízio Mamberti. A esposa morreu precocemente aos 37 anos. Sérgio conheceu então Ednardo Torquato, com quem viveu durante 37 anos até a morte deste, em 2019. Com o parceiro, adotou a filha Daniele. Ao lançar sua autobiografia em abril deste ano, Sérgio Mamberti comentou sobre bissexualidade e seus casamentos, primeiro com Vivien e depois com Ednardo.