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Aviação nacional: ITA é a novata, Azul quer dominar o setor

Aviação nacional: ITA é a novata, Azul quer dominar o setor

Na contramão de uma crise que parece ser eterna no segmento, tanto no Brasil como no exterior, a ITA Transportes Aéreos e a Azul Linhas Aéreas são notícia pelos resultados que vêm obtendo rumo ao crescimento de seus negócios. O que não é fácil de ver em um setor onde o diretor jurídico muitas vezes parece ser o homem-chave da diretoria, tamanho o número de recuperações judiciais que alcançam diversas companhias.

No exterior, o caso mais recente e triste para a história da aviação mundial é o anúncio de fechamento da Alitalia, remanescente de uma época de ouro em que voavam Pan An, Braniff, British Caledonian, Panair, Varig e Vasp, para ficar apenas nessas companhias extintas.

Há quase três meses, um voo inaugural reservado apenas para convidados fez o trajeto aeroporto de Guarulhos (SP) - Brasília (DF), colocando no ar o primeiro jato da nova companhia ITA. Dois dias depois, começaria a operação comercial de fato, com um voo de passageiros entre Guarulhos e Confins, em Belo Horizonte (MG).



Alitalia, representante de uma época de ouro da aviação mundial, vai encerrar as atividades

Entrava no ar, dessa maneira, a mais nova companhia aérea brasileira, pertencente a uma empresa tradicional do transporte rodoviário, a Itapemirim. Se não era inédita, uma vez que a GOL também nasceu de uma empresa de transportes rodoviários (Breda), a iniciativa era arrojada. Afinal, o Grupo Itapemirim enfrenta todas as dificuldades de uma recuperação judicial, e a nova aérea é uma forma de diversificar os negócios e fazer caixa.

Desde então, a companhia consegue cumprir 13 destinos nacionais, partindo de Guarulhos: Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Porto Seguro (BA), Salvador (BA), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Florianópolis (SC), Maceió (AL), Natal (RN) e Recife (PE). Cinco aeronaves formam a frota, mas três Airbus a319 ainda estão sendo pintados e inspecionados.



"Nós vemos crescer o mercado regional. A Azul tem o mercado dela e está crescendo. Ela tem o mercado regional hoje muito expressivo ... mas a gente vai trazer para a ITA um novo público, a gente olha muito a diversidade de modais. Trabalhar com aéreo e integrar com o modal rodoviário, é isso que temos buscado, disse o presidente da empresa, Adalberto Bogsan, em entrevista ao site InfoMoney.

Segundo Bogsan, está sendo feito um trabalho de integração (entre avião e ônibus) dentro do próprio aeroporto, para que a pessoa não precise sair do local e ir a uma rodoviária para pegar o ônibus. "Temos uma forma de fazer o combo".

Os recursos para montar a ITA vieram do próprio Grupo Itapemirim, Parte deles da venda de imóveis, feita não só para bancar a recuperação judicial e pagar os credores, como também para estruturar a empresa aérea. Nos 30 primeiros dias de operação, a ITA transportou mais de 30 mil passageiros. "Temos uma taxa de ocupação média de 71% nos nossos voos, o que traz estabilidade e um caixa já robusto por mês. Nossa projeção é em novembro atingir o break-even e começar a trazer recursos, pagando o projeto, começando a vir o payback como um todo", relatou Adalberto Bogsan ao InfoMoney.

A ITA não revelou à reportagem o tíquete-médio dos bilhetes, mas o valor por enquanto é baixo devido aos preços promocionais que estão sendo praticados pela companhia. Bogsan também informou que os pagamentos da recuperação estão em dia e que, em 24 de maio último, o Grupo Itapemirim protocolou petição solicitando a saída da recuperação judicial.

Enquanto a entrante ITA se ajusta ao mercado, a Azul Linhas Aéreas parte para um lance maior ao anunciar que pretende comprar a Latam Airlines. Embora a concorrente já tenha adiantado que não está à venda, a Azul estaria tentando persuadir credores da Latam como forma de pressionar o negócio, segundo informações divulgadas pelo Dow Jones Newswires e publicadas pelo Estadão.

Com uma parte da empresa em recuperação judicial, a Latam chegou a conversar anteriormente com a Azul para um possível acordo, mas os donos da companhia, hoje sediada em Santiago do Chile, desistiram porque não queriam abrir mão do controle da empresa.

Segundo dados publicados pelo site da Exame, a Azul recentemente avançou no ranking da aviação comercial brasileira e hoje detém 37,5% de participação no mercado doméstico. A Latam, que ocupava o segundo lugar, passou a ter 27% do mercado e caiu para terceiro lugar, logo atrás da GOL, que é a vice-líder com 29,9% do share. Uma rápida análise mostra que, se fosse concretizada a aquisição da Latam pela Azul, esta passaria a ter mais de 60% do segmento, o que levaria o negócio a ser encaminhado para avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).