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Ameaças à democracia e cooperação, temas da agenda de Hillary Clinton

Ameaças à democracia e cooperação, temas da agenda de Hillary Clinton

Uma das presenças mais aguardadas na Expert XP, a ex-secretária de Estado do governo norte-americano Hillary Rodham Clinton navegou por diversos temas durante o encontro que teve ontem, dia 26, com a plateia on line do evento internacional do mercado financeiro. Tomando como exemplo atual a pandemia de Covid-19, ela disse que os países vão olhar com mais atenção a questão da cooperação.

"Eu pessoalmente gostaria de ver muito mais cooperação econômica entre os Estados Unidos e a América do Sul. Isso nos colocaria numa posição muito forte no futuro. Estamos competindo com a China e temos que tirar vantagem do relacionamento com a nossa grande vizinhança e de todos os talentos que temos aqui", afirmou.

Sobre pandemia, mais um exemplo de cooperação: "Nos EUA, aprendemos que é preciso ter uma melhor cadeia própria de suprimentos, principalmente de proteção pessoal. A gente não tinha supply chain para muitos ingredientes farmacêuticos. Acho que vamos ver muitos países tentando construir sua própria rede de suprimentos". A pandemia de coronavírus poderá estimular um protecionismo maior entre os países, mas por outro lado também vai ampliar as intenções de cooperação em determinadas áreas, avaliou Hillary.

A ex-secretária de Estado, que foi candidata à presidência dos Estados Unidos em 2016, comentou sobre o risco que sofrem as democracias no planeta. "Eu olho ao redor do mundo e vejo líderes que foram eleitos democraticamente através do voto. Mas aí eles tentam se cercar do máximo de poder e se tornam autoritários. Isso é uma ameaça muito séria, temos que fazer muito mais, em países como o Brasil e os EUA, para enfrentar essas ameaças a democracia".

Prosseguindo nesse raciocínio, Hillary Clinton criticou as grandes companhias de tecnologia. "Eu gostaria de ver as empresas fazendo mais para se auto-regular contra a desinformação, mas infelizmente não temos visto. Acho que elas não farão por conta própria, será necessário que os governos tentem prevenir que as techs inundem nossas mentes e mercados com as fake news".

"Eu clamo que as gigantes de tecnologia façam a sua parte. Elas terão que mexer em seus modelos de negócio, vão ter que mudar seus algoritmos, vão ter que mudar a maneira como realmente premiam os disseminadores de conteúdo falso, pessoas que vão fazer e falar qualquer coisa porque sabem que isso trará atenção, os fará famosos e resultará em dinheiro", alertou Hillary.



Foto: Reuters

Mesmo sem ter hoje um cargo eletivo no Congresso ou administrativo no Executivo, Hillary Clinton, que foi chefe da diplomacia americana no governo de Barack Obama, continua muito ativa no âmbito da política internacional. "Estou trabalhando com um grupo de ativistas, como Malala Yousafzai, e algumas ONGs, para tentar evacuar o maior número possível de pessoas e suas famílias no Afeganistão".

É muito difícil, como vocês podem ver nos noticiários, que essas pessoas consigam atravessar Cabul e chegar ao aeroporto, entrar e finalmente serem colocadas dentro de um avião", explicou Hillary, que fez sua explanação no mesmo dia em que houve um atentado extremista no aeroporto, com a morte de 108 pessoas, entre população local e 13 soldados norte-americanos.