Política e economia balançam rendimentos das ações de IPOs

Política e economia balançam rendimentos das ações de IPOs

A semana começando, as bolsas mundiais abrindo a semana em alta, e o mercado financeiro brasileiro na contramão. As empresas vão mal das pernas por aqui? Não é o que mostram os recentes balanços trimestrais. Embora tenha ensaiado uma tímida reação nos pregões de quinta e sexta-feira passadas, o Ibovespa tornou-se refém do jogo pesado da política, que acaba por comprometer a economia.

Enquanto os juros sobem, sem uma política fiscal clara, a inflação começa a preocupar. Em alguns locais do País, como Porto Alegre, o litro da gasolina chega a custar R$ 7,00, algo só visto há três anos na greve dos caminhoneiros que causou um sério desabastecimento. As disputas do executivo com o legislativo e o judiciário servem para tumultuar a questão econômica, que fica sem rumo enquanto o presidente Jair Bolsonaro encontra-se ocupado com as manifestações (a seu favor) marcadas para 7 de setembro.

Se o mercado fica tenso e o índice de ações oscila, mais preocupadas ficam as empresas consideradas entrantes - aquelas que acabaram de fazer sua oferta pública de ações (IPOs) - há poucos dias, semanas ou mesmo meses, e que ainda estão sob o crivo dos investidores. Levantamento feito pela Economatica, divulgado em reportagem da Folha de S. Paulo, aponta que, das 45 ofertas realizadas em 2021, pelo menos metade dos ativos apresenta um retorno inferior ao do Ibovespa.

De acordo com as fontes ouvidas pelo jornal, a maior parte desse movimento (de queda) veio na semana passada, quando a bolsa, influenciada pelo noticiário internacional e as crescentes preocupações em relação ao cenário político e fiscal no âmbito doméstico, reverteu o sinal positivo que vinha ao longo do ano.

Apesar de ter encerrado a sessão de sexta-feira (dia 20) em alta de 0,76%, o Ibovespa terminou a semana com queda de 2,59%. No ano, a perda é de 0,81% - até a semana anterior, o índice acumulava um ganho de 1,83% em 2021. Os especialistas consultados pela Folha afirmam que é necessária uma análise mais aprofundada e pensamento de longo prazo por parte dos investidores que quiserem alocar recursos nas novas ofertas.

Dentro dessa proposta, os analistas recomendam que é preciso entender qual a motivação de determinada empresa em fazer o IPO, e procurar saber se o movimento faz ou não sentido. Alguns acontecem apenas para que um sócio saia, outros porque a companhia quer aproveitar uma janela de mercado e não tem capital. É importante avaliar também se a empresa tem um modelo de negócio provado, e um plano bem estruturado para a abertura de capital.

Apesar de o mercado mostrar-se, nas últimas semanas, mais sensível aos ruídos da política e da economia, a tendência, segundo esses mesmos analistas, é que os investidores continuem recebendo bem as novas ofertas de ações. Eles acreditam que ainda há um cenário propício para IPOs no Brasil. Afinal, foram cerca de 70 ofertas públicas iniciais só este ano, e mais 20 ou 30 acontecerão até dezembro. Por essa razão, ainda existem duas janelas de oportunidades para que os IPOs sejam realizados em 2021.

A primeira deve ocorrer entre o final de agosto e o início de outubro; a segunda, está prevista para acontecer entre novembro e dezembro, aproveitando a divulgação dos resultados do terceiro trimestre. Mas, os especialistas também fazem um alerta: a maior aversão ao risco por parte dos investidores ainda pode inviabilizar a entrada desses interessados na B3, trazendo possíveis cancelamentos ou adiamentos dos planos, como, aliás, aconteceu nas últimas semanas com empresas como a BrasilAgro e agora com a Havan.

A seguir, o quadro comparativo publicado pela Folha de S. Paulo: