Cruzeiro fecha parceria com XP para virar clube-empresa

Cruzeiro fecha parceria com XP para virar clube-empresa

Desde 2019, quando caiu para a Série B do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro luta para superar a maior crise econômica e esportiva que se abateu em toda a história. Um trajetória vitoriosa, que viu passar jogadores como Palhinha, Dirceu Lopes, Piazza e Nelinho, entre outros craques de seleção. Mas que enfrenta hoje uma realidade difícil, até para se manter na própria "segundona" do Brasileirão, onde atualmente é o 14° colocado, sob o comando do experiente técnico Wanderley Luxemburgo.

Na última semana, o tradicional clube mineiro deu um passo decisivo em busca dessa recuperação, ao fechar uma parceria com a XP Investimentos para se tornar um clube-empresa. Com uma dívida altíssima de quase R$ 900 milhões no ano passado, o Cruzeiro encerrou 2020 com uma receita de R$ 118,8 milhões, recuo de 57%7 em relação a 2019. A queda na arrecadação se deve em grande parte ao próprio rebaixamento, que impactou no valor arrecadado com as cotas da televisão - de R$ 102,5 milhões para R$ 40,3 milhões.

Até 2019, as equipes que caiam para a Série B mantinham suas cotas intactas. A regra mudou justamente quando o Cruzeiro foi rebaixado, passando a ser o primeiro dos grandes clubes brasileiros a amargar a nova realidade de receitas do campeonato. Depois da "Raposa" mineira, caíram na mesma situação Vasco, Botafogo e Coritiba, os três rebaixados no ano passado.

Com a chegada da XP, será possível procurar investidores que não sejam apenas aqueles do modelo mais conhecido, de aplicar os logos das empresas na camisa do time. Para isso, será criado um novo CNJP, que separe o patrimônio da dívida do clube. O Cruzeiro está em processo de criação dessa nova empresa, cuja iniciativa contou com a aprovação do conselho do clube.

A parceria vem em bom momento. O governo federal acaba de sancionar a lei, aprovada pelo Congresso, que cria a figura da Sociedade Anônima de Futebol (SAF), com a proposta de dar estímulos aos clubes para mudarem sua figura jurídica, deixando de ser entidades sem fins lucrativos para adotarem o novo modelo da SAF. Um desses estímulos será permitir que a SAF emita debêntures (títulos da dívida) como maneira de se financiar. Ao se converter ao novo modelo, os clubes também poderão aderir ao mercado de ações, lançando suas ofertas públicas iniciais (IPOs).

Boa parte da atual dívida milionária do clube vem de processos trabalhistas e empresariais, como do não pagamento pela transferência de jogadores. No caso da contratação por empréstimo do volante Denilson, o Cruzeiro deixou de pagar 850 mil euros ao Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos. Pelo calote, a Fifa puniu a equipe com a perda de seis pontos na disputa da Série B do ano passado, situação que levou o time a lutar na tabela para evitar a derrocada para a Série C do Brasileirão.

Em junho deste ano, nova punição. Desta vez por uma dívida com o clube uruguaio Defensor relativa à compra do meia Arrascaeta, em 2015. Por conta desse débito, a Fifa proibiu o Cruzeiro de registrar novos jogadores em seu elenco.