Imagem: Reprodução/Reuters
Gigantismo, o fantasma que ronda o Google

Gigantismo, o fantasma que ronda o Google

Sem concorrentes aparentes no mundo dos negócios, os problemas apontados na reportagem do NYT parecem sair de dentro da caixa

Reportagem do New York Times repercutida na edição de hoje do Estadão aborda um tema que levanta a curiosidade de muita gente do mercado e dos milhões de usuários que a maior plataforma de busca do mundo tem: até que ponto vai crescer o Google e quais os riscos que esse império tem de tropeçar? Para executivos que trabalharam na companhia e pediram para sair apesar do status e dos altos salários, a ameaça vem do gigantismo mas também da liderança do atual CEO, Sundar Pichai.

Algumas críticas ao CEO são atribuídas ao desafio de manter a cultura da empresa entre uma força de trabalho mundial muito maior do que antes. "As sementes da queda de uma empresa, costuma-se dizer no mundo dos negócios, são plantadas quando tudo está indo muito bem", enfatiza a reportagem. A receita e os lucros atingem novos e seguidos recordes. A Alphabet, controladora do Google, tem valuation de US$ 1,6 trilhão.



Sundar Pichai - Reprodução/Reuters

Mas alguns executivos, sobretudo os que deixaram a companhia nos últimos tempos, temem que o Google esteja mostrando rachaduras. Problemas internos estão se espalhando para o público. Liderança decisiva e grandes ideias deram lugar à aversão ao risco e ao incrementalismo. "Os desafios da inovação só vão piorar à medida que a tolerância ao risco diminuir", escreveu um deles.

A reportagem do NYT ouviu 15 executivos e ex-executivos do Google, que falaram sob a condição do anonimato. Eles disseram que a companhia estava sofrendo com muitas das armadilhas de uma grande empresa em desenvolvimento: burocracia paralisante, tendência à inação e fixação na percepção do público.

Uma queixa desses executivos é que Sundar Pichai não agiu rapidamente ao tomar conhecimento dessas questões, preferindo baixar o tom das discussões e evitar medidas mais duras e, por vezes, impopulares. Um porta-voz do Google enfatizou que pesquisas internas atestam a liderança de Pichai, mas não quis colocar o CEO para falar com a imprensa.

Por outro lado, medidas tomadas nos últimos anos quanto ao ambiente organizacional da empresa e os lucros que não param de subir, enaltecem o trabalho de Sundar Pichai, fortalecendo no presente cenário sua posição à frente da companhia.

Fundada em 1998 na Califórnia, o Google é hoje uma empresa longe de ser somente a maior plataforma de buscas do mundo. Nos últimos anos, expandiu sua base de negócios com o YouTube e na área de educação, uma aposta forte do CEO.

Há quem veja a China como a principal concorrente do Google hoje, pelo poder econômico e número de usuários/habitantes, uma vez que, na iniciativa privada, a empresa continua sendo um gigante da tecnologia e inovação que nada de braçada.